03/04/2024
Dia Nacional de Combate ao Bullying: evento gratuito do LIV discute o tema
No imaginário popular, a ideia de bullying que prevalece é aquela que acontece dentro da escola, com crianças ou adolescentes sendo repetidamente intimidados por um ou mais colegas. Mas, na realidade, o problema vai muito além da sala de aula e pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer hora, inclusive, no ambiente virtual. Essa modalidade – chamada de cyberbullying – tem crescido e se tornado uma preocupação cada vez maior, como mostra uma pesquisa recém-divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O estudo, feito com quase 300 mil crianças e adolescentes de 44 países, revelou que uma a cada seis crianças e adolescentes entre 11 e 15 anos teriam sofrido bullying on-line em 2022. Embora o Brasil não tenha participado da pesquisa, a nossa realidade não é muito diferente e exige que não só educadores, gestores de escolas e famílias façam uma constante reflexão sobre o tema, mas a sociedade como um todo.
Para contribuir com a discussão, o LIV irá oferecer, como parte das atividades que marcam o Dia Nacional do Combate ao Bullying e à Violência na Escola, no dia 7 de abril, um evento gratuito sobre o assunto. A psicóloga Márcia Frederico, consultora pedagógica do LIV, falará, no dia 9 de abril, às 19h, sobre Atualizações sobre o combate ao bullying. O evento será transmitido no canal oficial do LIV no Youtube e as inscrições podem ser feitas por este link.
Anonimato faz com que discursos de ódio e bullying cresçam
Para antecipar as reflexões sobre este tema complexo, conversamos sobre bullying com Saulo Pereira, também especialista do LIV. Ele explicou que o anonimato garantido pela internet amplia as possibilidades de disseminação de intimidações e de discursos violentos, deixando crianças e jovens mais expostos.
“E, como não precisa envolver o corpo ou algo físico, essa violência se espalha com ainda mais facilidade”, afirma o consultor pedagógico.
Escola e sociedade precisam ensinar respeito às diferenças
Saulo lembra que o bullying é um fenômeno escolar, que pode ser ampliado por forças externas, como as redes sociais e sites secretos, com fóruns que permitem postagens anônimas e depreciativas.
Por isso, as escolas precisam não só discutir o combate ao bullying, envolvendo toda a comunidade, mas também implementar no dia a dia práticas que promovam o respeito às diferenças.
“A escola tem o papel de criar espaços onde o respeito seja ensinado, a diversidade seja exaltada e onde a escuta seja incentivada. Podemos construir isso a partir de eventos que promovam a diversidade, sempre com a participação dos alunos, e também oferecendo um ambiente que acolha quem é alvo de bullying. É preciso que as vítimas se sintam seguras para contar o que estão enfrentando”, sugere Saulo.
O especialista acrescenta que o trabalho não está restrito aos muros escolares. Caso a sociedade não se engaje e trabalhe em conjunto para incentivar práticas de respeito e empatia, o desafio das instituições de ensino será ainda maior, já que estarão numa luta desigual.
“A mobilização social é importante, pois é um dever também do coletivo, que não pode normalizar certos discursos que reforçam comportamentos violentos. O monitoramento das diferentes formas de violência é importante e não basta só punir. É preciso também fomentar políticas públicas para que isso não seja uma prática aceitável”, avalia.
Discurso de ódio: tem como evitar?
Além do bullying presencial ou virtual, os discursos de ódio também vem afetando crianças e adolescentes. Só neste ano, escolas de São Paulo precisaram lidar com agressões antissemitas contra um aluno judeu e a inclusão de adolescentes em um grupo extremista no Whatsapp com conteúdo nazista. A Polícia Civil de São Paulo também investiga um caso em que uma menina foi alvo de ataques físicos e racistas.
Embora as escolas se mobilizem para combater os discursos de ódio, não basta que apenas elas se envolvam, lembra Saulo.
“A gente precisa ter cuidado e agir contra o discurso de ódio na sociedade, no cotidiano. A violência não é ensinada ou gerada na escola, mas ela reverbera lá, pois a escola está inserida e não se separa das coisas que acontecem do lado de fora”, analisa.
Mais uma vez, o especialista do LIV diz que a educação socioemocional pode ser uma aliada, na medida em que incentiva o desenvolvimento de um olhar empático e a busca por um pensamento crítico, que permite a construção de outras narrativas diante de antigos preconceitos.
Ele destaca ainda a importância das experiências e do contato com centros culturais e de memória para fornecer mais elementos às crianças e jovens sobre a diversidade do mundo.
“É preciso trazer a diversidade enquanto potência e não como medo, e podemos fazer isso com passeios a lugares de memória ou criando propostas dentro da escola, como uma semana sobre herança africana, uma semana de conscientização ecumênica, por exemplo”, sugere, a partir de experiências já trabalhadas pelo LIV.
Quer saber mais sobre o assunto? Inscreva-se aqui e participe e do nosso encontro online gratuito!
Como o LIV pode ajudar as escolas e as famílias?
Criar um ambiente escolar saudável, baseado no respeito e no acolhimento, é uma missão do LIV, que ajuda as escolas a construírem espaços seguros para os alunos, funcionários e para a família.
O programa do LIV propõe um currículo que desenvolva as habilidades emocionais dos estudantes, permitindo que as escolas possam conhecer seus alunos e, então, desenvolver suas próprias ferramentas para lidar com suas experiências e vivências.
Materiais como o Manual LIV de Convivência podem ajudar a escola na mediação de conflitos, com sugestões para desenvolver relações mais saudáveis. E a cartilha ‘Desconstruindo o ciclo do bullying e o cyberbullying’ mostra como é possível, a partir de práticas no dia a dia da escola romper com a onda de violência.
Quer saber mais sobre nossos materiais? Acesse nosso site e seja um parceiro LIV.
Gostou do conteúdo e quer conhecer mais sobre o LIV e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais? Confira mais nas redes sociais e fique ligado nos episódios do nosso podcast Sinto que Lá Vem História.
O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.