
31/05/2023
Escola é lugar de quê? Saiba como potencializar o acolhimento no ambiente escolar
A vida, todo mundo sabe, nem sempre é um mar de rosas. Tem horas em que tudo parece dar certo, a gente se diverte, encontra os amigos, fica feliz por aprender algo novo. Mas, em outros momentos, se depara com dificuldades, esbarra com pessoas de quem gostaria de manter distância, se aborrece com o vizinho, com a pessoa que furou a fila do ônibus, entre tantos outros inconvenientes.
Na escola, não é diferente: pode haver dias excelentes e aqueles em que as coisas não vão tão bem assim E está tudo bem. Afinal, a escola é parte da sociedade e reflete tudo o que acontece nela.
Mas nem sempre as pessoas têm essa percepção de que a escola faz parte do mundo e que, por isso, pode ser atingida por seus problemas. Episódios recentes de violência em unidades escolares mostraram o quanto é importante investirmos na educação socioemocional e construirmos espaços de escuta e fala para que crianças e adolescentes possam falar sobre aquilo que os afeta.
Nesses momentos, podemos parar para refletir e nos perguntar:
Afinal, a escola é lugar de quê?
Para Renata Ishida, psicóloga e gerente pedagógica do LIV, devemos sempre lembrar que escola é, muito além de um espaço de aprendizado e um local de acolhimento. É, também, onde cultivamos o respeito, celebramos os encontros, convivemos com quem é diferente e criamos laços que, muitas vezes, duram para o resto da vida. E, nunca percamos de vista: a escola é espaço também de trocas e diálogo.
— Na escola, a gente pode fazer com que tudo que é vivido seja também refletido, pensado. Se a gente fez algo, se agimos de determinada forma, podemos parar e conversar sobre esse comportamento. Se surge um episódio de violência na escola, um caso de bullying, um episódio de racismo, podemos tentar entender o que o levou a aparecer, debater com alunos, fazer rodas de conversa. Nas nossas práticas pedagógicas, temos que fomentar nos alunos a ideia de como ultrapassar as dificuldades e celebrar a convivência, que nem sempre é fácil — explica Renata.
LIV lança campanha que resgata papel da escola
Para resgatar o real papel das escolas, o LIV lançou a campanha “Escola é lugar de quê?”. A ideia é envolver toda a sociedade nesse debate que interessa a todos e vai muito além da sala de aula.
Temos usado nossas redes sociais para perguntar qual o lugar da escola e levamos o debate também para os eventos que realizamos. As escolas, por sua vez, podem envolver pais, alunos e funcionários em atividades que valorizem o que há de melhor em cada instituição e que levem o aluno a pensar na escola como um ambiente seguro de fala.
Em cada faixa etária, pode-se propor atividades diferentes.
Alunos da educação infantil, por exemplo, podem ser orientados a refletir sobre o lugar dentro da escola que eles mais gostam. Professores podem levar as turmas para um passeio pelas dependências, visitando os espaços que fazem parte do dia a dia. Ao final da “visita”, cada aluno pode ser convidado a fazer um desenho da sua parte favorita. Será que é a mesma do colega?
Uma roda de conversa, em que cada um explica suas escolhas, além de ser divertida, pode ajudar os professores a perceber, inclusive, nas entrelinhas, se alguma criança tem algum medo que precise ser tratado individualmente.
Para o que der e vier
Os alunos mais velhos podem ser lembrados de que a escola está ali para o que der e vier. Gestores e equipes de psicologia, nos casos das escolas que tenham o setor, podem passar nas turmas e explicar que eles contam com este canal para falar sobre o que estão sentindo. Sinalizar quem são as pessoas e espaços que os alunos podem buscar, caso precisem de ajuda, escuta e acolhimento, reforça a imagem da escola como espaço seguro de fala e escuta.
O material LIV também propõe círculos de confiança, onde os alunos podem abordar sentimentos que ainda não conseguem nomear ou entender melhor o que estão sentindo. Em momentos em que o papel da escola é atrelado à violência, as rodas de conversa podem abordar os sentimentos de medo, que são naturais, e trabalhar as habilidades socioemocionais necessárias para enfrentá-lo da melhor forma possível. Nesses momentos, a escuta ativa, verdadeira, é fundamental para que todos se sintam à vontade e com a sensação de que estão realmente sendo ouvidos.
Por último, que tal a escola lembrar não só aos alunos, mas a toda comunidade, que é um espaço potente, acolhedor? Cada uma pode pensar em eventos que façam sentido para sua política pedagógica, mas que deixem “todos juntos e misturados” para reacender a alegria que o espaço sempre representou.
Sarau, festa literária ou troca de receitas – o que importa é celebrar
Um sarau, por exemplo, pode ser uma ótima maneira de reunir todos e celebrar a potência artística da comunidade, além de mostrar a escola como terreno fértil de criatividade. Neste momento, vale deixar a imaginação livre: que tal organizar uma festa literária? Quem sabe um aluno resolve mostrar suas poesias e um professor tirar da gaveta um conto esquecido? Ou, para envolver ainda mais gente, que tal transformar o pátio em um espaço de alimentação? Cada família pode levar o quitute que faz mais sucesso em casa. Depois, todos podem provar a comida do vizinho e, quem sabe, trocar receitas, numa grande festa.
Aproveite o encontro e faça um mural com a pergunta “Escola é lugar de quê?”. Famílias, alunos, professores, funcionários da administração podem escrever em folhas coloridas quais palavras eles associam ao espaço. Apostamos que vão aparecer muitas palavras que ilustram a riqueza desse espaço.
Material do LIV aborda como tratar a violência nas escolas
Nos casos de escolas em que já houve um episódio de violência ou nas quais a comunidade está muito sensibilizada pelo tema, o acolhimento se faz ainda mais necessário. Nem sempre os gestores e professores têm facilidade para abordar o assunto com crianças e adolescentes e, pensando nisso, o LIV elaborou o kit ”S.O.S. Escolas: Ferramentas para o combate à violência“. Nele você pode encontrar, além de materiais diversos, um guia que oferece desde sugestões de atividades que podem ser feitas nas turmas até dicas de como identificar um aluno que precisa de ajuda.
Não deixe de baixar o material! Você pode ter acesso ao se cadastrar neste link.
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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.