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Medo do escuro não é bobeira de criança!

Ficar em um ambiente sem iluminação, principalmente no quarto à noite na hora de dormir, é um pavor para seu filho ou sua filha? Pois saiba que eles não estão sozinhos nessa. Muitas crianças começam a desenvolver o medo do escuro por volta dos 2 ou 3 anos de idade, etapa da vida em que a curiosidade e a imaginação começam a aflorar. Segundo Márcia Frederico, psicóloga e consultora do LIV – Laboratório Inteligência da Vida, isso acontece geralmente porque, nessa fase, elas ainda estão processando todas as novidades que vivenciam e visualizam ao seu redor. “No escuro, qualquer som pode abrir esse campo da imaginação, tornando-se algo assustador, ameaçador. A falta de visão aguça nossa audição, e esta alimenta a imaginação”, explica.

Em entrevista ao nosso blog, a especialista falou sobre o que pode estar por trás do medo do escuro e explicou como os adultos podem reconhecer e respeitar esse sentimento. Confira mais a seguir:

  • O que pode estar por trás do medo do escuro de uma criança?

Geralmente, a criança tem uma imaginação muito fértil. Tudo para ela é novo, ela não tem muitas informações sobre a vida, de modo geral, como um adulto. Nós vamos construindo informações aos poucos e começamos a saber que o barulho estranho, por exemplo, vem da caixa d’água, ou do rangido de uma madeira. Mas são conceitos que nós fomos construindo. Os pequenos ainda não têm esse conhecimento. No escuro, qualquer som pode abrir esse campo da imaginação, tornando-se algo assustador, ameaçador. A falta de visão aguça nossa audição, e esta alimenta a imaginação. É o medo do desconhecido, do que ela não pode dominar ou não tem controle. Tudo isso tem a ver com a sensação causada pelo escuro, e com aquilo que eu não estou vendo com os olhos, mas vejo com a imaginação.

  • E como elas demonstram esse sentimento?

Em geral, demonstra paralisando, chorando ou pedindo para alguém ficar por perto. Também pode demonstrar em forma de apreensão ou com uma sensação de que não consegue ficar sozinha em um ambiente escuro. Muitas vezes elas também correm, gritam ou pedem ajuda.

  • De que maneira, em geral, os adultos reagem a essas atitudes?

Geralmente os adultos reagem com aquela frase: “não é nada, é só o escuro”, ou “não precisa ter medo, tudo o que estava no claro está no escuro também”. Mas ao dizer essas frases, o adulto diminui ou minimiza a sensação da criança, desqualificando o que ela está sentido. Aliás, em qualquer caso de medo, independentemente de ser do escuro ou de outra coisa, desqualificar o sentimento dizendo que “é bobeira, uma besteira” significa também desqualificar o que a criança sente naquela hora tão tensa. É importante que o adulto reconheça isso em primeiro lugar.

E como poderiam reagir de modo diferente?
Quanto mais calmo o adulto ficar, mostrar segurança e for acolhedor nesse momento, mais dará a sensação de confiança interna para a criança. É importante nunca ridicularizar, nunca diminuir o que ela está sentindo. No lugar, poderia dizer algo como: “Eu imagino que você está assustado, no seu lugar talvez eu estivesse assim também, mas vamos entender melhor o que está acontecendo aqui”. Isso com calma, passando confiança, estando perto fisicamente, e não achando que a criança aguenta ficar no escuro sozinha, e que ele pode se afastar e mandar ela ficar lá um tempo. Ele pode trazê-la junto, pegar pela mão e acompanhá-la. Também pode mostrar, com o auxílio de uma lanterna ou vela, os efeitos das sombras ou reflexos que a gente vê no escuro às vezes. Esse reconhecimento do espaço ajuda a demonstrar a origem do que faz a gente ficar imaginando coisas. Ou seja, é hora de começar a fornecer informações para a criança, mostrando a realidade que a cerca. Outra proposta é reverter a situação de tensão usando a imaginação e o lado criativo da criança como um gatilho para brincadeiras, mas isso só será possível quando ela já estiver mais calma em relação ao medo do escuro e aberta para brincar.

4 livros infantis sobre medo do escuro

Segundo a especialista do LIV, os livros infantis são ótimo recurso para oferecer referências e vocabulário para a criança se sentir mais confiante em falar sobre o medo do escuro. A seguir, ela indica quatro publicações sobre o tema que podem ser lidas com a participação de um adulto:




O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.