10/11/2023
Ser mais uma pressão na vida dos adolescentes? Saiba como não cair nessa cilada
“Tirou dez? Não fez mais do que sua obrigação”. Quem nunca vibrou com uma nota alta na escola e recebeu esse retorno ao tentar comemorar com a família? A frase, que desmerece conquistas e coloca uma pressão desmedida em adolescentes, costumava ser usada com frequência no passado e ainda hoje reverbera em muitos lares brasileiros. E nos leva a refletir sobre que tipo de relação queremos estabelecer com nossos filhos.
A cobrança quase permanente por bom desempenho nos faz pensar: será que não estamos colocando pressão demais em nossos jovens? Como pais, estamos priorizando resultados que podem ser mensurados, como nota dez, primeiro lugar, conceito A+, deixando de lado habilidades essenciais, porém menos quantificáveis, como capacidade de comunicação e empatia?
“De forma geral, há uma pressão pelo desempenho. Os filhos têm que ir bem na escola, serem os primeiros no esporte. Mas é importante que a família entenda que o adolescente não é um cartão de visita dos pais e que pode ter outra visão de mundo”, afirma Daniel Henrique Moraes, consultor pedagógico do LIV.
É claro que todos querem o melhor para os filhos, mas será que o melhor dos pais é igual ao dos adolescentes? As famílias devem ter sempre essa questão em mente. Afinal, o que adianta desejar que a filha passe em primeiro lugar em Medicina se ela quer cursar Serviço Social? Ou exigir que o menino seja artilheiro do time de futebol ou campeão de natação se ele gosta mesmo é de montar quebra-cabeças ou fazer coreografias no Tik Tok?
“Os pais precisam distinguir as necessidades do adulto daquelas das crianças. Quando os filhos vão ser protagonistas neste processo? Nem sempre as expectativas dos filhos e pais coincidem”, lembra Daniel.
Como agir quando as expectativas são diferentes?
A quebra de expectativas pode gerar muita frustração e é necessário saber lidar com ela. O caminho, aponta Daniel, é perceber que a família precisa atuar como um ponto de apoio, não como quem vai determinar escolhas. Na prática, diz o especialista do LIV, isso significa que é preciso acolher as imperfeições de nós mesmos.
“A gente precisa estar preparado para dar um espaço de acolhimento, que é algo que a gente fala muito no LIV. É desafiador, não é fácil lidar com essas expectativas, pois muitas vezes os pais esperam esse local de perfeição dos filhos, mas o primeiro passo é acolher a própria imperfeição, nós somos imperfeitos. Como esperar, então, a perfeição dos filhos?”, indaga Daniel.
Neste processo, os pais precisam estar abertos para uma escuta verdadeira. Quando estão disponíveis, os adolescentes compartilham os momentos bons e conseguem pedir apoio quando necessário.
“Quando nós acolhemos o erro ou a má escolha, possibilitamos a abertura desse canal de escuta e acolhimento, e daí, a criança e o adolescente ficam à vontade para se abrir e falar com a família. Agora, quando não abrimos esse espaço de escuta diante da escolha do nosso filho, ele vai correr da família, não para a família”, alerta Daniel.
Educação socioemocional pode ser uma aliada para lidar com diferentes pressões
Além dos pais, adolescentes precisam lidar com as próprias cobranças, com a própria escola, que muitas vezes espera bons resultados no Enem, por exemplo, e com as pressões do grupo social em que estão inseridos. Muitas vezes, ele atua exigindo comportamentos idênticos, uniformes, como se a turma do prédio ou da escola tivesse que ser homogênea. Quem difere, pode se sentir deslocado e até mesmo sofrer episódios de bullying.
Por isso, além da família se preparar para pressionar menos, também é importante que ela se preocupe em formar filhos capazes de reconhecer seu valor, independentemente do que os outros esperam ou pensam deles. A educação socioemocional pode ser uma aliada nesse sentido.
“O autoconhecimento, que é uma habilidade socioemocional, é o primeiro passo, O material do LIV pode ajudar muito. No caso de adolescentes, por exemplo, a primeira pergunta que a gente faz no Ensino Médio é: quem sou eu? Isso não é uma tarefa rápida de ser respondida. O que me motiva, o que me leva a continuar me movimentando? Se eu não me conheço, eu me diluo no mundo e aí vou me misturar ao outro”, avalia.
Para ajudar as escolas e os pais, o LIV oferece ferramentas que permitem o desenvolvimento da inteligência socioemocional e habilidades como comunicação e pensamento crítico, através de vários recursos, que podem ir de jogos participativos a séries audiovisuais exclusivas. Os círculos de confiança também são um espaço seguro de fala, nos quais os estudantes conseguem expressar seus sentimentos e entender a experiência do outro, contribuindo para relações mais saudáveis. Há várias atividades voltadas para as famílias, o que ajuda a ampliar a visão de mundo de todos.
Gostou do conteúdo e quer conhecer mais sobre o LIV e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais? Confira mais nas redes sociais e fique ligado nos episódios do nosso podcast Sinto que Lá Vem História.
O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.