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Relação escola e família

Relação entre escola e família: revendo conquistas e desafios

Convidamos a especialista em educação Lourdes Atié para falar sobre as questões sociais que impactam os relacionamentos nas comunidades. Confira a seguir!
*Entrevista realizada em janeiro de 2020.

Há cerca de três ou quatro décadas, pouco se falava sobre a importância de promover uma boa relação entre as escolas e as famílias dos alunos. Atualmente, contudo, é cada vez mais claro que uma escola que atua em parceria com toda a comunidade escolar, incluindo pais, mães e responsáveis, tem mais chances de oferecer uma formação integral para seus estudantes.

Para Lourdes Atié, especialista em educação com mais de 30 anos de experiência, embora seja positiva, essa nova relação também trouxe novas cobranças para os dois lados, tanto escolas quanto famílias: 

“Desde a década de 1970, a escola vem em um movimento de resolver problemas, tipo ‘pode trazer que eu resolvo’. Mas, nesse tempo, o mundo ficou mais complexo, as relações muito difíceis, uma diversidade gigantesca, muito conteúdo para ensinar e conhecimento complexo”.

Em entrevista gravada em vídeo para nosso blog, a especialista falou mais sobre como o cenário político e social de nossa sociedade tem afetado a população e, por consequência, influenciado o ambiente escolar. 

Lourdes também pontuou que uma maior participação social poderia ser o princípio de um movimento de maior diálogo das famílias com as escolas, e mostrou como a falta dessa abertura prejudica as instituições de ensino e seus principais interessados – os alunos.

Outro aspecto destacado no vídeo é que não há uma receita mágica para que as famílias e as escolas passem a contribuir em parceria para o desenvolvimento dos estudantes. “A gente precisa de foco, saber o que é do campo da escola e o que não é. […] A escola está em um estado de profunda angústia porque ela tenta atender a todo mundo e não consegue”, ponderou.

A seguir, você pode acompanhar um trecho dessa conversa em vídeo e ver mais detalhes na continuação do texto:

Conheça mais sobre a entrevistada Lourdes Atié

Lourdes Atié é uma das principais vozes da educação no país. Atualmente, atua como consultora junto a instituições de ensino e outras organizações que, assim como o Laboratório Inteligência de Vida (LIV), desejam contribuir para melhorar o cenário educacional e ofertar, às crianças e aos jovens, um ensino mais integral.

Em parceria com a equipe pedagógica do LIV, ela coproduziu parte do material do programa LIV+, programa lançado em 2020 para reforçar nas  escolas uma perspectiva de educação socioemocional com três pilares: estudantes, professores e famílias. Nesse projeto, Lourdes assina o livro “Cuidar de quem ensina”, que lança luz sobre questões do cotidiano dos educadores.

3 pontos sobre promover a participação das famílias na escola, por Lourdes Atié:

  • Menos vale mais

De acordo com Lourdes Atié, desde a década de 1970, a escola vem em um movimento de resolver problemas:

“Nesse tempo, o mundo ficou mais complexo, as relações muito difíceis, uma diversidade gigantesca, muito conteúdo para ensinar e conhecimento complexo. Agora, a escola percebe, nessa entrada de século XXI, que ela, com essa preocupação de dar conta de tudo, não está dando conta de sua essência, que é fazer com que todos os alunos aprendam. […] Eu abracei um slogan de que menos vale mais: a gente precisa de foco, saber o que é do campo da escola e o que não é”. 

  • Mentalidade para além da escola

Para ela, o melhor caminho para promover a participação das famílias é buscar uma mudança de mentalidade para além da escola:

 “Veja só o que a gente vive hoje no Brasil: temos escuta para quem pensa diferente da gente? Meus amigos do Facebook pensam exatamente como eu. Quem não pensa como eu, é inimigo, a gente tem zero de escuta, não sabemos o que é dialogar com ideias diferentes. Como aprendo a não julgar? Se eu sou uma mãe que educa de uma forma e a família do amigo do meu filho é diferente, como eu lido com isso? […] Não existe um ‘como’ universal”. 

  • A identidade da instituição

Outro aspecto abordado na entrevista é como a perda de espaços de participação e o modo como a sociedade do consumo vêm abafando o coletivo em prol do individual, com reflexos diretos nas escolas. Nessa dinâmica, Lourdes aponta que as escolas ficam em um lugar difícil de ser uma instituição de educação com seu projeto político pedagógico e, ao mesmo tempo, estar inserida nessa lógica do consumo, com exigências externas a esse projeto. 

Nesse movimento, explica Lourdes, seria necessário desenhar a identidade da escola, “que fica muito à deriva quando tenta atender a todo mundo”:

“É fazer uma imersão e dizer: Qual é a nossa escola? O que é valor na nossa escola? O que a gente considera como princípio inegociável, do ponto de vista da ética e da moral, e do ponto de vista de um posicionamento social? […] Se a escola tiver muito claro que lugar é esse, seus valores e princípios, fica mais claro para a família fazer uma construção coletiva”.

Quer saber mais sobre como melhorar a comunicação entre escola e famílias? Confira três recomendações da psicóloga Roberta Desnos sobre o que a escola pode fazer quando a família não quer conversar.

O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é um programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, dos outros e do mundo.

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.