11/08/2023
Uma nova paternagem: como os homens estão redescobrindo o que é ser pai
As dores e delícias da paternidade sempre existiram, mas, no passado, a parte prazerosa do relacionamento com os filhos nem sempre era aproveitada. Muitos homens, presos a um papel de provedor, transferiam todo o foco no trabalho e não encontravam tempo – ou até mesmo disponibilidade emocional – para participar ativamente da vida das crianças e adolescentes. Quem nunca ouviu falar ou até mesmo conviveu com alguém assim? Não muito tempo atrás, essa forma de paternar imperava em várias casas.
Esse modelo ainda existe, mas o cenário vem mudando. Muitos homens têm se mostrado mais abertos e emocionalmente disponíveis, o que possibilita a criação de relações mais significativas e próximas com os filhos.
“Hoje em dia, a gente tem encontrado uma abertura por parte dos homens para repensar como ocupar esse papel, e isso é muito interessante e importante. Com esse novo paternar, as crianças podem trocar, ter diálogo e mais abertura com a figura masculina dentro de casa”, diz Maira Santos Maia, supervisora pedagógica do LIV.
Olhar para o passado para construir novas concepções
Construir o pai do século XXI, no entanto, não é fácil, ainda mais porque, muitas vezes, faltam referências. Muita gente se pergunta: como uma pessoa que nunca foi escutada pode se tornar um pai que ouve?
Os desafios existem, mas Maira ressalta que as próprias experiências não são determinantes. Um filho não precisa agir como os pais. E pode, inclusive, revisitar o que passou para construir novas experiências, opostas àquelas que vivenciou.
“Os homens de hoje podem ver quais foram os acertos e erros do passado e decidir o que querem levar para as próximas gerações”, diz.
As dificuldades para o surgimento de novos pais
Uma dificuldade que muitos homens enfrentam para desenvolverem um novo tipo de paternagem são os tabus e convenções sociais. Muitos pais ainda acreditam que há tarefas que não são deles. Nesses casos, Maira recomenda que eles sejam ajudados a quebrar suas próprias barreiras. Por que não conversar, por exemplo, com aquele amigo que segue achando que reunião de pais na escola é só para as mães?
Outra recomendação da especialista do LIV para os homens que ainda estão presos a formas de pensar e agir que não facilitam a construção de relações mais saudáveis com os filhos é revisitar suas próximas questões e não ter receio de nomear o que sentem.
“Não deve ser um tabu falar que está nervoso, com medo ou que está feliz. É importante entender que as pessoas em volta podem te apoiar nesse processo. O homem pode construir sua própria rede de afetos e de apoio ao permitir se abrir e ser uma pessoa que, além de cuidador, pode ser cuidada.”, ressalta Maira.
Como a educação socioemocional pode ajudar na construção do novo pai
A educação socioemocional é uma aliada em diversos momentos da vida, e não é diferente na nova paternagem. Uma pessoa que desenvolve habilidades como empatia, e que é capaz de dialogar com os filhos, vai ter uma relação de troca mais próxima e afetuosa.
As habilidades também vão ajudar a construir outro tipo de autoridade, baseada no respeito e não no medo. Ao estabelecer regras, mas demonstrar empatia, a figura paterna abre um canal de comunicação com os filhos, mostrando que está disponível quando necessário.
Outra dica de Maira é ficar atento às necessidades de cada criança: “Um caminho interessante para homens que querem exercer paternidades mais afetivas e cuidadosas é uma abertura para se conhecer e conhecer esse filho. E se tiver mais de um filho, conhecer esses filhos, pois cada um vai exigir que você seja um pai diferente, com outras habilidades”, afirma.
Tiago Koch, idealizador do projeto Homem Paterno, falou sobre seus desafios na hora de escutar seus filhos no Instagram do LIV. Confira já!
Quais os ganhos do “novo pai”?
Novos estudos têm indicado que uma ligação afetiva forte entre pais e filhos contribui para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças, o que nem sempre era alcançado com um pai distante, rígido e que, por vezes, era apenas um provedor.
Os benefícios dessa relação mais próxima e aberta também serão estendidos à escola, onde a criança poderá se sentir mais à vontade com a participação ativa do pai no seu cotidiano.
“A presença do pai não é só estar numa reunião, por exemplo. Vai muito além disso. Você sabe o que está acontecendo no dia a dia da criança, como ela se sente na escola? Como tem acompanhado o processo de desenvolvimento do seu filho?”, pontua Maira.
Quer saber mais sobre como desenvolver relações mais harmônicas? Acesse agora o Manual de Convivência do LIV neste link!
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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.