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Congresso LIV: como a hiperconectividade está afetando os jovens e os caminhos para uma nova realidade

#10AnosLIV

O psicólogo social e escritor norte‑americano Jonathan Haidt foi o convidado da mesa principal do 6º Congresso Socioemocional LIV. Além de conduzir a palestra sobre a transformação da infância em decorrência da hiperconectividade, o autor do best-seller “A Geração Ansiosa” também participou de uma entrevista exclusiva para o evento, que foi comandada pela apresentadora do Fantástico, Poliana Abritta.

Nos dois momentos, Haidt mostrou dados e refletiu sobre os impactos do uso precoce e excessivo de smartphones e redes sociais, além de apresentar propostas de ações coletivas para que famílias, educadores e a sociedade em geral possam proteger o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.

Congresso LIV: como a hiperconectividade está afetando os jovens e os caminhos para uma nova realidade -LIV Inteligência de Vida

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Infância: mundo real x mundo virtual

Jonathan Haidt, a infância atual vive uma tragédia em dois atos. O primeiro é a superproteção no mundo real, no qual, movidos pelo medo, adultos restringem a autonomia das crianças, o que acaba por reduzir o tempo de brincadeiras livres e a convivência com outros meninos e meninas. Já o segundo ato é a subproteção no mundo virtual, ou seja, enquanto são vigiadas fora de casa, crianças têm acesso cada vez mais precoce e irrestrito a smartphones e redes sociais. 

Quais são os efeitos da hiperconectividade nos jovens?  

A partir de dados do Brasil e de outros países do mundo, o psicólogo mostrou que esse “combo” de distanciamento social, vida sem movimento e superexposição a telas tem deixado como resultado o aumento de diversos danos físicos e emocionais em crianças e adolescentes. Entre eles, Haidt destacou:

  • Mudanças da estrutura óssea
  • Problemas no globo ocular 
  • Depressão
  • Ansiedade
  • Dificuldades de socialização
  • Déficits de atenção

Haidt alertou, também, que a hiperconectividade está afetando diretamente a capacidade de aprendizagem de crianças e adolescentes. Com a atenção fragmentada por horas diante de telas e redes sociais, eles têm mais dificuldade em realizar tarefas longas como ler um livro. Como consequência, o autor apontou uma tendência preocupante de queda no desempenho escolar. “O uso excessivo do telefone tem afetado o desempenho dos nossos alunos. Enquanto isso, as máquinas ficam cada vez mais inteligentes”, comentou. 

O autor afirmou, ainda, que esse vício em Internet vivido pelas crianças, adolescentes e a sociedade em geral não é um acidente, mas o resultado de um sistema intencionalmente criado para capturar e manter a atenção. De acordo com Haidt, as plataformas digitais foram projetadas para ativar repetidamente o sistema de recompensa do cérebro, através da liberação constante de dopamina.

“Você é o produto. Você está sendo vendido pelos publicitários.” – Jonathan Haidt

 

4 Pilares para lidar com os efeitos da hiperconectividade

As medidas propostas por Haidt para lidar com os danos da hiperconectividade são voltadas a pais, escolas, governos e sociedade em geral e se baseiam em quatro pilares: 

– Smartphones só depois dos 14 anos – O autor acredita que o acesso precoce a esses aparelhos expõe meninos e meninas a estímulos constantes e distrações que prejudicam o desenvolvimento emocional e cognitivo. Portanto ele defende que adiar a entrega de um celular pode reduzir danos. 

Acesso a redes sociais somente após os 16 anos – De acordo com o psicólogo, nessa idade, o cérebro está em formação, logo as crianças e adolescentes ainda não têm maturidade emocional para lidar com a lógica dos algoritmos viciantes, que estimulam a comparação, a busca por aprovação e a exposição pública.

– Escolas livres dos celulares – Segundo Haidt, a ausência de celular em sala de aula favorece a atenção, o rendimento escolar e a convivência real entre os alunos. Durante o evento, o autor elogiou – e agradeceu – o Brasil pela implementação da lei que proíbe o uso de celulares nas escolas. De acordo com o psicólogo, esse já foi um primeiro passo muito importante não só para o país como para todo o resto do mundo.

–  Incentivo da autonomia das crianças – Haidt defende que as crianças realizem atividades sem supervisão constante de um adulto, como, por exemplo, ir sozinho até a escola. O autor entende que lidar com pequenos riscos e resolver conflitos por conta própria são experiências essenciais para desenvolver confiança e habilidades sociais.

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E quais práticas podem ajudar?

Mudar os hábitos significa mudar os hábitos dentro das nossas casas também. Uma parte depende das nossas famílias. Como tirar nossos filhos de dentro dos quartos e, assim, reduzir o tempo de tela?”  – Poliana Abritta

Para essa pergunta da jornalista Poliana Abritta, que representou a dúvida de muitas famílias, Haidt deu orientações para quem tem filhos ainda pequenos e para quem já vive a hiperconectividade dentro de casa. 

Para as famílias que têm filhos de 7 a 8 anos, Haidt tem uma recomendação que ele garante ser a preparação para o sucesso: “Sem telas no quarto”. O autor sugere que a TV e o computador que serão usados pelas crianças estejam em outros espaços compartilhados da casa, que a regra de que telas não vão para o quarto seja rígida e que . se mantenha, mais tarde, quando o adolescente ganhar um smartphone.

“É quando eles levam (o celular) para o quarto que as piores coisas acontecem. Eles ficam acordados até tarde durante à noite. Eles ficam conversando com estranhos. É quando a extorsão sexual acontece principalmente” – Jonathan Haidt

Já para as famílias com filhos que já passaram dessa idade e que a regra não foi estabelecida anteriormente, Haidt observa que não há problema nenhum em mudar de ideia quando se tem uma nova informação. “Você é o líder da família. Você é o responsável pela segurança do seu filho, você pode recuar”, ressaltou.

Mas o autor alerta que não se deve tirar completamente o smartphone de um adolescente que já está imerso nas redes sociais, porque isso seria uma espécie de morte social. Portanto, nesse caso, a recomendação é buscar restringir horários, dando limites ao uso do celular principalmente à noite. “Dessa forma, eles não estão nele antes de irem para a cama, e eles não estão nele assim que abrem os olhos”, pontuou.


Mas podemos manter o otimismo?

“Como Poliana, eu não posso encerrar essa entrevista sem deixar de te perguntar se, apesar de tudo isso, você continua sendo um otimista em relação ao nosso amanhã.”  – Poliana Abritta

Brincando com o fato de ter o mesmo nome da personagem que sempre vê o lado bom de tudo, do livro de Eleanor H. Porter, Poliana terminou a entrevista com Haidt com essa pergunta. A boa notícia é que, sim, o autor afirmou estar imensamente otimista que será possível mudar a maneira como crianças e adolescentes estão sendo criados. Haidt encerrou sua fala ressaltando que o movimento já está acontecendo em várias partes do mundo e que são conduzidos, na maioria das vezes, por mães. 

“Se a indústria da tecnologia vai enfrentar todas as mães do mundo, vou apostar nas mães.”  – Jonathan Haidt

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.