Por Bianca Pinnola, Assessora pedagógica do LIV
O mundo é vasto, composto de infinitos sons, cheiros, texturas, cores e sabores.
Como é que descobrimos o mundo? Aprendemos sobre ele? E, o principal, nos encantamos e despertamos a vontade de conhecê-lo mais e mais?
Minha aposta é: por meio do corpo.
O corpo pode: observar as nuvens, pular nas poças depois da chuva, notar o raio de sol que toca a pele, contemplar o desabrochar de uma flor, dar cambalhotas, admirar a lua, sentir o aroma da laranja recém cortada, saborear a comida, pisar na grama, olhar nos olhos, escutar o som dos pássaros, subir em árvores, encantar-se.
Convém, então, deixar que as crianças explorem, sintam e experimentem.
É certo que o mundo que recebe as crianças hoje tem menos áreas verdes, é coberto de espaços cimentados, sendo cada vez mais verticalizado – lotados de arranha-céus – e monocromático, o que pode dificultar ou restringir as possibilidades de experimentações. Mas será que a criança precisa ir muito longe para ter contato com a natureza?
Nas brechas do cotidiano, também há espaço para essa relação. Para uma criança, um simples canteiro pode ter o tamanho de um mundo e uma poça d’água ser espaço suficiente para grandes aventuras.
Essas descobertas acontecem quando há o protagonismo investigativo da criança. O que os mais novos precisam, verdadeiramente, é que os adultos confiem nelas e ofereçam tempo e espaço para que explorem.
É comum associarmos natureza à sujeira, doenças e perigo. E, por medo ou por uma certa comodidade, muitas vezes, afastamos as crianças dela. É necessário compreender que a natureza é um valioso território de aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento integral da criança.
Subir em uma árvore, por exemplo, propicia à criança que avalie os riscos que corre, gerenciando e aprendendo sobre eles. Assim, ela cria repertório de vida. O papel da família, nesses casos, é administrar tais riscos, entendendo que alguns deles são saudáveis e contribuirão para a formação da criança e que outros podem ter consequências mais sérias e devem ser dirigidos e orientados.
A natureza também pode estimular a potência criativa de cada um. Como? Quando oferecemos um brinquedo, esse, muitas vezes, vem pronto: com um nome, uma função específica e até se movimenta independente da interação com a criança. Por outro lado, na natureza, os materiais estão todos disponíveis, mas só tomam forma quando encontram com os desejos e fantasias de quem os toca. Essa ressignificação garante um importante exercício criativo para os mais novos.
Que tal deixar que a natureza entre em suas rotinas familiares, dando espaço à imaginação, expressão, experimentação e movimentação do corpo? Convido vocês a abrir lugar para ela, deixando-a germinar e florescer em suas vidas, colorindo e nutrindo o dia dia. Vamos olhar as estrelas hoje?
Gestor do Centro de Ensino Charles Darwin
Diretor pedagógico do Colégio Paulo Freire
Coordenadora pedagógica e professora de LIV no Colégio Batista de Itabuna
Psicóloga e coordenadora do Projeto Socioemocional do Colégio Sarah Dawsey