Por um bom tempo, a pesquisa e as práticas em psicologia tomavam como ponto de partida apenas os aspectos patológicos da área, dedicando-se pouco aos “aspectos positivos do ser humano”, ou seja, suas potencialidades e motivações, e as condições que contribuem para a promoção de indivíduos, grupos e instituições. Um dos pioneiros a contestar essa postura foi Martin Seligman, que desde 1997 se dedicou a estudar os aspectos usuais e cotidianos que interferem no desenvolvimento de um indivíduo sadio.
Chamado de Psicologia Positiva, esse movimento ajudou a ampliar a atuação da psicologia para as áreas além da saúde, como o trabalho, a educação e todos as esferas em que as relações humanas estão presentes. Estudar o comum e o positivo, para tal abordagem, pode propiciar o entendimento do que não vai bem e prevenir processos de adoecimento.
Tal posicionamento, de acordo com seus precursores, não nega o sofrimento humano, tampouco incentiva que a psicologia, enquanto campo de conhecimento e prática, deixe de investir no estudo das patologias, mas afirma seu interesse como sendo outro: estudar. Dentre os principais estudiosos dessa corrente, destacamos neste post a psicóloga e doutora da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, Carol Dweck, que abriu novo caminho no campo da educação a partir da elaboração dos conceitos de mentalidade fixa (fixed mindset) e mentalidade de crescimento (growth mindset).
A mentalidade fixa seria a crença, tanto consciente quanto inconsciente, de que o caráter, a inteligência e a criatividade são estáticas, inalteráveis. Uma crença de que o sucesso depende de um talento inato e, portanto, não pode ser desenvolvido nem aprimorado. O sucesso, nesse caso, seria a comprovação desse talento ou inteligência, e o fracasso, por conseguinte, delataria uma suposta incompetência. As pessoas com concepções estáticas, segundo a autora, tendem a orientar-se para a demonstração da sua inteligência através das suas performances no desenvolvimento de tarefas, constantemente receando cometer erros, especialmente em contextos avaliativos. Evitar fracassos, para essas pessoas, acaba sendo um comportamento frequente, o que faz com que evitem desafios, já que são situações de exposição ao risco de errar.
Por outro lado, para as pessoas com mentalidade de crescimento, o fracasso surgiria como um desafio ou uma oportunidade de aprendizagem, pois entenderiam que as habilidades podem ser desenvolvidas através de esforço, estudo e persistência. Isso não significa que todas as pessoas são iguais e possam atingir as mesmas capacidades, mas que o potencial de cada um é desconhecido e pode ser ampliado sempre. Afinal, não é possível prever o que uma pessoa é capaz através de anos de dedicação, esforço e treinamento.
Leia mais no e-book gratuito “Growth Mindset: o que é e como colocar em prática”
Dweck e um grupo de cientistas desenvolveram tais conceitos, inicialmente, através de um estudo sobre a reação dos alunos ao fracasso escolar e perceberam que as diferentes mentalidades não traziam consequências apenas no âmbito acadêmico, mas tinham efeitos para diversas dimensões da vida.
Ao preconizar que a inteligência ou a personalidade são características passíveis de serem desenvolvidas e modificadas, a perspectiva em relação a vida pode mudar: o aprendizado torna-se prazeroso e não uma obrigação, as vulnerabilidades são acolhidas e viram estímulos para superação, não um impedimento ou vergonha. Já o erro ou insucesso em alguma tarefa não é mais a comprovação de uma falta de inteligência inata, tornando-se um estímulo para continuar aprendendo.
Nas pesquisas sobre esse tema, os alcances e as posturas mais frequentes das pessoas identificadas com mentalidade de crescimento se aproximaram dos traços de personalidade como abertura para novas experiências, e das habilidades socioemocionais propostas no material do LIV, como perseverança e proatividade. Viver no mundo sob o olhar de uma mentalidade fixa ou de crescimento, porém, não depende de uma disposição individual, mas de um ambiente (familiar, escolar, social) que valorize o esforço e oportunize novas tentativas. O LIV, como proposta de pilar socioemocional para as escolas, busca sensibilizar o corpo docente no sentido de incentivar o gosto pela aprendizagem, valorizando mais o caminho, o interesse e a disposição do aluno em participar do que o resultado ao final do ano escolar.
Uma boa noite! Meu nome é Marcos Barbosa da Silva. Eu gostaria de saber como identifica a mentalidade do crescimento, se essa mentalidade só aparece em pessoas mais novas ou pode aparecer em pessoas mais velhas, como identifica! Atenciosamente, MARCOS BARBOSA DA SILVA
Gestor do Centro de Ensino Charles Darwin
Diretor pedagógico do Colégio Paulo Freire
Coordenadora pedagógica e professora de LIV no Colégio Batista de Itabuna
Psicóloga e coordenadora do Projeto Socioemocional do Colégio Sarah Dawsey
Deixe seu comentário