Chat GPT: saiba como lidar com tecnologia capaz de fazer o dever de casa

A Inteligência Artificial já faz parte do dia a dia de todos e norteia, mesmo que não percebamos, muitas das nossas escolhas. Ela sugere filmes para assistirmos no streaming, seleciona notícias que recebemos como alertas em nossos celulares e, como toda tecnologia, impacta também crianças e adolescentes.

Algumas escolas já usam ferramentas de Inteligência Artificial ao criarem apps que fazem a correção automática de provas de múltipla escolha ou que permitem que alunos acessem remotamente tarefas passadas pelos professores.

Mas, em 2023, uma novidade chegou para revolucionar o uso da tecnologia na educação. Estamos falando do Chat GPT.

O que é o Chat GPT?

O Chat GPT é um sistema de Inteligência Artificial chamado de generativa, capaz de produzir conteúdo a partir de perguntas e tópicos sugeridos pelo usuário. Ele armazena milhões de informações coletadas na internet e constrói textos, listas e até mesmo poesia. Na maioria das vezes é impossível detectar se quem escreveu um texto foi um humano ou a inteligência artificial.

Qual o impacto da nova tecnologia na educação?

A nova tecnologia pode ser uma aliada da educação ao elaborar uma lista de livros de referência sobre determinado assunto, por exemplo. Por outro lado, também permite que um estudante ‘’encomende” uma redação sobre qualquer tema ou receba a resolução de exercícios. Dessa forma, o aluno que usar o Chat GPT não terá mais sequer o trabalho de procurar informações no Google e selecioná-las. Bastará fazer perguntas e a ferramenta realizará todo o trabalho por ele.

“Quem trabalha com educação e não está preocupado, deveria estar. E quem está, tem toda a razão”, diz Saulo Castilho Pereira, consultor pedagógico do LIV.

Professor e Chat GPT não são concorrentes!

Como a tecnologia é muito recente, educadores ainda estão avaliando qual será o impacto no aprendizado. Já se sabe que ela não é 100% confiável e que, muitas vezes, mistura dados verdadeiros com falsos. Ao mesmo tempo, ela pode realizar tarefas rotineiras (como montar um plano de estudos ou bibliografia), liberando mais tempo para o ócio criativo. Para Saulo, ainda é cedo para saber todos os benefícios e malefícios do novo sistema, mas ele pontua que o papel do professor continua sendo fundamental. Entenda os motivos:

1. Por mais que seja capaz de produzir textos e dar respostas, o Chat GPT precisa receber perguntas de um ser humano. Se elas forem mal formuladas, resultarão em um material que não fará sentido. “O papel do professor é sempre estimular o aluno a pensar e a fazer as perguntas pertinentes, independentemente se voltadas para o Chat GPT, ou não. O desenvolvimento do pensamento crítico, que é trabalhado no material do LIV, ajuda em todas as interações dos estudantes, inclusive com a inteligência artificial”.
2. O professor ajuda a desenvolver habilidades socioemocionais, tarefa que nenhuma máquina é capaz de fazer.
3. O professor é quem dá contorno e faz a mediação de conflitos em sala de aula.

O que cada escola pode fazer?

Na rede Eleva, o assunto já está em pauta. Coordenadora de Teaching & Learning da instituição, Bárbara Furtado conta que a escola procura usar a nova tecnologia a seu favor:

”Temos conversado muito sobre o uso das novas tecnologias na educação e já entendemos que não adianta proibi-las. Discutimos a melhor forma de usar a potência dessas ferramentas em sala, de um modo que faça sentido. Em determinadas aulas, por exemplo, os alunos, antes de começarem a discussão de um tema, fazem perguntas ao Chat GPT para saber se ele apresenta uma vertente de pensamento sobre a qual eles não tinham ainda pensado”, explica Bárbara

Ela ainda ressalta que a escola tem pesquisado sites que identificam quando o texto foi escrito por Inteligência Artificial. “Quando percebemos que o aluno usou, chamamos para conversar”.

O mundo Chat GPT ainda está se descortinando e os gestores e educadores, neste momento, precisam entendê-lo melhor. Em alguns locais, como a Itália, o uso do aplicativo foi proibido. A cidade de Nova York bloqueou o acesso à ferramenta em todas as escolas públicas. Preocupada com plágios e fraudes, a Universidade Sciences Pro, na França, fez o mesmo.

Nem sempre é preciso ser radical. Saulo recomenda que os gestores e professores ajam em conjunto para decidir o que é melhor para cada unidade e busquem o equilíbrio. Alguns caminhos podem ser:

• Criar grupos de trabalho para discutir o impacto da nova ferramenta;
• Se a escola estiver desconfortável com o uso do Chat GPG, poderá adotar mais trabalhos presenciais, escritos com papel e caneta;
• Investir mais em trabalhos de grupo para que a aquisição de conhecimento seja feita também através de trocas com os colegas;
• Oferecer questões complexas, onde os alunos, além de conectar diferentes conteúdos e dados, também tenham que exercitar seu pensamento crítico, sua leitura de mundo e apresentar suas reflexões.

As habilidades socioemocionais trabalhadas pelo LIV dentro e fora da sala de aula também são importantes diante dos desafios do Chat GPT. O estímulo ao pensamento crítico, por exemplo,  pode ajudar os alunos a pensar duas vezes antes de adotar a ferramenta para fazer tarefas que deveriam ser realizadas por eles. A confiança é outro elemento que faz parte da abordagem do LIV e pode facilitar a relação entre aluno e professor.

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