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Congresso LIV 2025: a sala de aula pode ser um lugar de histórias!

Já se imaginou cara a cara com escritores que você admira, ouvindo de perto suas ideias, histórias, vivências e inspirações, como em uma conversa entre amigos? Esse foi exatamente o clima da mesa A Palavra e a Escuta como Atos de Futuro do 6º Congresso Socioemocional LIV

Mediado pelo jurista e membro da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Falcão; o bate-papo contou com a participação do escritor moçambicano, ganhador do Prêmio Camões, Mia Couto, e com a do autor de títulos aclamados, como o Avesso da Vida (livro vencedor do Prêmio Jabuti em 2021), Jeferson Tenório

Congresso LIV 2025: a sala de aula pode ser um lugar de histórias! -LIV Inteligência de Vida

Durante a palestra, os convidados falaram sobre assuntos relacionados à comunicação entre professor e aluno e sobre a importância da Literatura, das Artes, do criar e do brincar na infância, adolescência e na fase adulta também.

O professor escritor

Como não poderia ser diferente em uma mesa formada por grandes nomes da Literatura, os participantes contaram muitos casos que serviram de base para suas reflexões. E para quem acredita que essa arte de contar histórias é tarefa exclusiva dos escritores, os participantes deixaram bem claro que não é bem assim. Eles foram unânimes em dizer que “todo professor, para conquistar a atenção dos alunos, deve ser, antes de tudo, um bom contador de histórias.” 

Para Mia Couto, que, além de escritor, também é biólogo (e já atuou como professor nessa área!), o conteúdo de qualquer matéria pode ser tratado como histórias, mesmo aqueles que são parte das disciplinas que parecem mais “áridas”, como física e matemática. O autor ressaltou a importância dos professores conseguirem converter, por exemplo, a explicação do átomo em narrativas poéticas ou cheias de curiosidades sobre o fato.  

Congresso LIV 2025: a sala de aula pode ser um lugar de histórias! -LIV Inteligência de Vida

“Não há uma grande diferença entre o escritor e o professor” Mia Couto

Jeferson Tenório mostrou que concorda totalmente com Mia, tanto que no seu trabalho de conclusão do curso de Letras, “O professor contador de histórias”, ele defendeu que todo professor deveria ser um contador de histórias independentemente da sua área. 

E essa teoria foi vivida na prática por Jeferson! Durante o 6º Congresso Socioemocional LIV, o autor comentou que, na época em que trabalhava como professor, quando precisava chamar a atenção da turma, começava a contar acontecimentos da sua vida. Jefferson garante que essa técnica era infalível, pois os alunos rapidamente faziam silêncio para saber o dia a dia do professor. “Eles lembram que o professor não mora na escola, que ele tem a sua vida”, pontuou. 

Brincar é aprender

Jeferson contou, ainda, que a tática de contar episódios da sua vida dava tão certo que ele aproveitou para, em forma de brincadeira, narrar as histórias de clássicos da literatura como se fossem acontecimentos vividos por ele. “Eu fazia eles acreditarem que eram as minhas histórias. Eles olhavam desconfiados, perguntavam se era verdade, e eu dizia que era”, relembrou.

Congresso LIV 2025: a sala de aula pode ser um lugar de histórias! -LIV Inteligência de Vida

Durante a palestra, os autores fizeram questão de reforçar que brincar é muito importante para o aprendizado. De acordo com Mia, é essencial que a escola consiga dar sentido às coisas e reproduzir momentos do brincar. Afinal, para ele, há sempre uma maneira de transformar a matéria escolar em uma matéria de “brincriar”, de brincar e de criar ao mesmo tempo.

“Brincar é absolutamente necessário para nós. É brincando que a gente aprende.” Mia Couto

 Para confirmar essa ideia, Tenório citou o livro Literatura Infantil, de Alejandro Zambra, que questiona o fato da escrita para criança ser colocada como um lugar menor. Para o autor, toda literatura é infantil, mesmo aquela que é escrita para adultos, pois os livros despertam nos leitores o espanto com a vida, ou seja, o encantamento recorrente, que é algo muito comum nas crianças. 

“É isso que a gente tem que provocar nos nossos alunos. Que a gente seja infantil nesse sentido, que a gente se espante com a vida muito mais vezes.” Jeferson Tenório

Citando o seu clássico preferido, Don Quixote, Tenório observou, ainda, que através dos sonhos, da criatividade, das fantasias que se constrói a lucidez. Para o autor, Don Quixote não é um livro sobre o sonho e, sim, um aprendizado sobre a lucidez, pois mostra que é preciso continuar a sonhar para que a realidade tenha sentido

“A lucidez só se sustenta pelo sonho. Essa é a dinâmica.” Jeferson Tenório

Falas, gestos e silêncio

Joaquim Falcão fechou a mesa reforçando a responsabilidade de um professor em sala de aula, pois no processo de ensino e aprendizagem tudo comunica. Cada gesto, cada fala e até cada silêncio carrega sentidos. Tudo que é feito e tudo que deixa de ser feito são escolhas, que estão continuamente sendo decodificadas pelos alunos. 

“Na comunicação, no sonho, na realidade, você parte basicamente de um instrumento, que é a palavra, cercada pelo visual e cercada pelo silêncio” Joaquim Falcão


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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.