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Podcast do LIV: Christian Dunker fala sobre construção de escola segura

Como é possível que educadores, gestores e famílias façam construam um ambiente mais saudável.

Uma professora descobre que um aluno do 9º ano, de 14 anos, integra um grupo radical na internet, cheio de discursos de ódio. A descoberta choca toda a comunidade escolar. Alguns pais querem que o adolescente seja imediatamente expulso, sem sequer ouvi-lo. Outros defendem que os educadores conversem com a família e com o aluno para entender e lidar com a solução.

O caso, fictício, mas que poderia acontecer em qualquer escola, abre o sexto episódio do podcast do LIV ‘Sinto que Lá Vem História’. Nele, o professor e psicanalista Christian Dunker conversou com Joana London, diretora pedagógica do LIV, e Renata Ishida, gerente pedagógica, sobre a violência nas escolas e sobre como é possível que educadores, gestores e famílias façam mediações para construir um ambiente mais saudável.

Números de violência nas escolas brasileiras

O debate sobre a construção de relações mais saudáveis se torna cada vez mais necessário. O Brasil registrou, até outubro, pelo menos 11 ataques a escolas neste ano, segundo estudo da Unicamp e da Unesp. Os sucessivos episódios fizeram o país se tornar o segundo no ranking de ataques à escolas no mundo. Um estudo global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também mostra que o Brasil tem os índices mais altos do mundo quando se trata de agressões contra professores.

Solução passa pela escuta

Os números preocupam e, para Dunker, é preciso que as escolas, mais do que disciplinar e julgar, criem ambientes de escuta e deem luz a todas as falas quando houver alguma questão que demande mediação No caso do aluno fictício, citado no início do episódio, por exemplo, ele sugere que o estudante também seja ouvido com atenção. Esse espaço para todas as falas representa uma oportunidade para acompanhar e oferecer suporte à elaboração do sentir, antes que possam se estabelecer ações que ultrapassem limites. Essa elaboração, embora tenha um caráter individual, faz parte de um processo coletivo que também diz respeito à escola.

“Hoje, o debate está atravessado pela linguagem digital. Nos reunimos em grupo e falamos “vamos expulsar o menino”. É uma espécie de violência porque o acusado não pode se defender, não está participando, e, quando está, é silenciado, não consegue se colocar”, disse.

Dunker defendeu ainda que o lugar social da escola sofreu mudanças ao longo do tempo e que sua tradicional função de mediação, chamando alunos, professores e pais para a conversa, precisa ser redescoberta. Essa redescoberta precisa incluir a dimensão do tratamento pela cultura, ou seja, convocar, por exemplo, autores e obras que já tenham discutido questões sociais e nos quais podemos nos apoiar para refletir e buscar soluções diante dos conflitos.

Mas, na prática, como lidar?

Para Dunker, muitas escolas estão despreparadas para mediar, arbitrar, ajudar os alunos a ampliar o formato do mundo e lidar com os inevitáveis conflitos que mais relações, com mais gente diferente, podem trazer.

“As escolas têm muito receio por não estarem formadas em enfrentar assuntos socioemocionais. Isso implica em colocar duas mães que discordam juntas. Vão se matar? Não vão, se tiver um bom mediador”, pontuou.

O psicanalista também defendeu que a primeira atitude das equipes pedagógicas, quando acontece algum caso de violência, seja não ser moralista nem judicializar, e sim, aprender com o erro. As escolas, acrescentou, devem evitar soluções como silenciar a pessoa envolvida ou não falar mais do assunto.

“A escola que diz que não tem problema com drogas porque toda vez que acontece expulsa o aluno está sendo inconsequente, uma máquina de punição. A reversão dessa lógica implica fazer mediação e fazer implicar as pessoas com o que elas dizem”, insistiu.

Não há dúvidas de que dá trabalho, mas, diz Dunker, é o melhor caminho para construir ambientes mais saudáveis de convivência.

“É preciso tratar, conversar, discutir caso a caso. Pedir desculpas, reparar. Mas, ah, o outro não aceitou as desculpas? Conversa, pede de novo. Isso leva tempo. Não é fácil consertar”.

E o papel das famílias, qual é?

A escola costuma ser convocada a mediar conflitos, mas a família também precisa estar presente e interessada em mudar a cultura de violência que muitas vezes atinge seus filhos. De acordo com Dunker, é essencial uma mudança de cultura.

“É preciso pais mais próximos, interessados em resolver problemas, em ter soluções, que acompanhem o discurso da comunidade. É uma outra relação”.

 

As reflexões de Dunker nos fazem pensar. Como pais e educadores, o que nos chamou mais atenção?

 

Quer saber mais sobre o conteúdo? O episódio completo com o psicanalista está disponível no Spotify e em outras plataformas de streaming. Confira!


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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.