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Uma professora leciona aula para crianças em uma escola.

A escola que prepara para a vida: entenda os desafios

Vivemos um tempo em que é cada vez mais importante que o aprendizado vá além de decorar fórmulas ou memorizar conteúdos. As escolas, hoje, são convidadas a olhar para outros aspectos da formação. Mais do que provas e boletins, são chamadas a formar pessoas. Mas, afinal, o que significa ser a escola que prepara para a vida?

Essa pergunta ganhou destaque durante uma edição especial do evento “Encontro com Especialista LIV”, que contou com Sheylli Caleffi, educadora há mais de 20 anos, e especialista em construção de futuros e educação digital.

O diálogo girou em torno de um grande desafio: como integrar as necessidades da nova geração ao currículo do Ensino Médio. Além disso, falamos sobre como as escolas podem acolher o que os jovens realmente vivem, sentem e pensam.

Um olhar para dentro (e para trás)

Vamos fazer uma viagem no tempo? Lá para os seus 15, 16, 17 anos. Você lembra das dúvidas, dos sonhos que pareciam distantes e dos medos que nem sempre conseguia nomear? Quais conselhos gostaria de ter recebido naquela época? E como sua escola poderia ter ajudado a tornar esse caminho mais leve?

A adolescência continua sendo uma fase de escolhas intensas. E, em meio a tantas cobranças e expectativas, cresce o número de jovens que enfrentam desafios emocionais. Vejamos alguns números interessantes:

  • De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal,  os atendimentos no CAPS aumentaram 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, de 2023 para 2024;
  • Hoje, 88% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos têm redes sociais, conforme números da Cetic.br;
  • Segundo o Global Digital Report, o Brasil é o segundo país do mundo em tempo online. 

O excesso de telas, a comparação constante e a pressão para performar afetam o modo como os jovens se veem; e isso impacta diretamente a aprendizagem.

O que os jovens estão vivendo

Hoje, é difícil falar sobre adolescência sem considerar o impacto das redes sociais. Elas fazem parte do cotidiano dos jovens, influenciam suas relações, seus sentimentos e até suas escolhas. Mas será que estamos olhando com atenção para o que isso significa?

A educadora Sheylli Caleffi traz uma provocação importante:

“O aluno do Ensino Médio acaba produzindo muito material sobre si nas redes. E isso tem consequências. Já acompanhei casos de pessoas que perderam oportunidades no mercado de trabalho por conta de postagens antigas. Hoje, a tecnologia permite rastrear o que foi feito lá atrás.”

Essa fala nos convida a pensar sobre como os jovens estão construindo sua presença digital, muitas vezes sem perceber que ela pode ter efeitos duradouros. Não se trata de apontar erros, mas de abrir espaço para que eles compreendam melhor os riscos e aprendam a fazer escolhas mais conscientes.

Sheylli também chama atenção para algo que muitos adolescentes vivem, mas nem sempre conseguem nomear: a sensação de estar sempre sendo observado e julgado.

Estar nas redes é um cyberbullying constante, porque tudo o que você faz vai ser avaliado. Essa tensão, de pensar o tempo todo no que o outro vai achar, é algo difícil até para nós, adultos. Imagine para um adolescente.

Essa tensão pode gerar insegurança, ansiedade e até dificuldade de se expressar com autenticidade. E se nós, adultos, já sentimos isso, como esperar que os jovens lidem com essa pressão sozinhos? 

Talvez seja hora de repensar o quanto estamos oferecendo suporte emocional e espaços seguros para que eles possam ser quem são; sem medo. Além disso, há uma questão que vai além da autoestima: os valores que estão sendo construídos nesse ambiente. 

Sheylli observa:

“Quando a rede vende ostentação e aparência, os jovens passam a se avaliar por isso. E, ao se compararem, perdem de vista sua própria potência.”

Essa comparação constante, por vezes, faz com que os adolescentes deixem de enxergar suas próprias qualidades, talentos e desejos. E aqui entra um papel fundamental da escola: ser o lugar onde eles possam se reconectar com o que têm de único, com o que realmente importa.

Essas reflexões não vêm com respostas prontas, mas com um convite: será que estamos escutando de verdade o que os jovens estão vivendo? Será que a escola está preparada para acolher essas experiências e transformá-las em aprendizado?

Se quiser aprofundar esse olhar, vale assistir ao episódio do videocast LIV “Ensino Médio: O desafio de conectar a escola ao mundo real”, com a participação de Sheylli Callefi

Educar para a vida é mais do que proteger no digital

Quando pensamos em preparar os jovens para a vida, é comum que o foco vá direto para os riscos do mundo digital. E sim, esse é um ponto importante, pois as redes sociais fazem parte do cotidiano e influenciam como os adolescentes se veem, se relacionam e se expressam. 

Mas será que educar para a vida se resume a isso?

A vida que os jovens vivem é muito mais ampla. Ela acontece nas dúvidas sobre o futuro, nas conversas com amigos, nas escolhas que parecem pequenas, mas que dizem muito sobre quem estão se tornando. 

Acontece também nos silêncios, nas inseguranças, nas descobertas. E tudo isso pede da escola um olhar mais atento, mais humano.

Educar para a vida é também ensinar a lidar com frustrações, a se posicionar com respeito, a reconhecer os próprios limites e a valorizar o que se sente. É auxiliar o estudante a construir autonomia, a tomar decisões com consciência e a entender que errar faz parte do processo.

Esse tipo de educação não se dá somente em conteúdos ou projetos; ela acontece nas relações. No modo como o professor escuta, no espaço que o gestor abre para o diálogo, na forma como a escola acolhe as histórias que cada aluno carrega. 

Sobre essa linha de pensamento, o CEO e idealizador do LIV, Caio Lo Bianco comenta:

Na minha própria formação, o conteúdo acadêmico sempre foi fundamental, mas nunca o mais importante. O que me constituiu como pessoa e profissional foram as experiências que me exigiram escuta, vínculo e elaboração.”

Esse olhar revela o que há de mais humano na educação: o entendimento de que o aprendizado acontece nas relações e nas experiências que nos transformam.Não há uma fórmula única, mas há caminhos possíveis. E talvez o primeiro deles seja reconhecer que cada jovem precisa ser visto por inteiro.

Preparar para a vida, então, é estar disposto a acompanhar o estudante na construção de sentido. É oferecer ferramentas, sim — mas também presença, escuta e tempo. 

Porque a vida não se ensina só com palavras. Ela se aprende vivendo, e a escola pode ser um lugar onde isso começa a acontecer de forma mais consciente e cuidadosa.

Um novo Ensino Médio: flexível, conectado e humano

O LIV tem escutado professores, gestores e estudantes que compartilham uma mesma inquietação: as nossas escolas estão preparando os jovens para uma prova ou para a vida?

Foi dessa escuta que nasceu a nova proposta do LIV para o Ensino Médio, pensada para integrar conhecimento acadêmico, repertório cultural e desenvolvimento socioemocional. O programa se apoia em três grandes pilares:

  • Educação socioemocional e projeto de vida — para ajudar o estudante a entender quem é, o que sente e o que deseja construir.
  • Inteligência emocional e habilidades socioemocionais — para desenvolver empatia, comunicação e capacidade de decisão.
  • Repertório sociocultural — para ampliar horizontes e conectar o aprendizado à vida real.

Além disso, o projeto Cidadania Digital convida os jovens a refletirem sobre o equilíbrio entre o uso da tecnologia e o bem-estar. Essa é uma pauta urgente, considerando o quanto o ambiente digital impacta a saúde mental.

As séries audiovisuais e os projetos práticos do programa promovem uma aprendizagem viva, em que cada turma pode escolher temas que fazem sentido para o seu momento. Essa flexibilidade dá espaço à autonomia e ao protagonismo, permitindo que o estudante participe ativamente das decisões sobre o próprio percurso.

A nova proposta do LIV responde ao cenário atual com aulas que refletem os interesses das turmas, maior autonomia e protagonismo, e aprendizagens significativas, que unem autoconhecimento, pensamento crítico e tomada de decisão.

Mais do que formar alunos, o LIV ajuda a formar pessoas capazes de lidar com a complexidade do mundo e com a própria história.

O papel do professor e do gestor nesse cenário

Nenhum programa educativo se sustenta sem o olhar atento de quem conduz o processo. O professor, hoje, não é somente transmissor de conteúdo, mas mediador de experiências. É ele quem cria o clima emocional da sala, quem transforma o erro em oportunidade e quem convida o aluno a se expressar sem medo.

Os gestores escolares também têm papel essencial. São eles que garantem que o espaço escolar seja seguro para o diálogo, que a formação continuada aconteça e que o currículo contemple o desenvolvimento integral.

A escola que prepara para a vida não nasce de um projeto pronto, mas de uma cultura de escuta — entre educadores, estudantes e famílias.

Devemos lembrar que os jovens estão imersos em um mundo que os desafia emocionalmente o tempo todo. A escola, portanto, precisa ser o contraponto, o lugar onde eles podem se reconectar com o próprio ritmo, com seus limites e com o que realmente importa.

Talvez, essa seja a grande missão da escola contemporânea: formar cidadãos críticos, conscientes e emocionalmente saudáveis, prontos para construir o futuro com ética, empatia e propósito.

E você, gestor ou educador, está pronto para transformar sua instituição educacional na escola que prepara para a vida? Conheça a proposta do LIV para o Ensino Médio e descubra como construir esse caminho com seus estudantes.

Quero LIV!




O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.