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Crianças demonstrando agressividade e raiva

VÍDEO: 5 perguntas sobre como lidar com momentos de agressividade

Entrevistamos o psicólogo e consultor do programa LIV Phelipe Ribeiro para saber mais sobre o que pode estar envolvido em uma atitude agressiva e como contornar a situações desse tipo. Confira!

Índice:

Ponto de partida

Muitas vezes, tentamos achar maneiras de “controlar a raiva” de uma pessoa para evitar eventuais reações que não sabemos como contornar, mas a realidade é que nem sempre pensamos sobre o que pode estar relacionado a tal atitude. E, embora os atos que demonstram agressividade normalmente sejam associadas ao sentimento da raiva, essa não é uma relação direta.

De acordo com o psicólogo e consultor pedagógico do LIV Phelipe Ribeiro, uma atitude de agressividade pode envolver sentimentos distintos:

O que a gente chama de agressividade é um conjunto de atitudes que a gente reconhece como tal. Acontece que frequentemente a gente associa a agressividade à raiva, o que é um equívoco”, explica.

Para entender essa questão e, principalmente, compreender melhor os momentos em que nós ou outras pessoas à nossa volta demonstram agressividade, gravamos 5 perguntas com o psicólogo do LIV.

Você pode conferir o conteúdo completo no vídeo abaixo ou ler os destaques dessa entrevista na continuação do texto.

Qual a diferença entre raiva e agressividade? 

Segundo o Atlas das Emoções (Atlas of Emotions, um projeto criado pelo psicólogo americano Paul Ekman em parceria com o Dalai Lama), a raiva pode ser considerada uma emoção universal.

Em geral, demonstramos esse sentimento quando alguma coisa nos impede de agir ou quando sentimos que estamos sendo tratados injustamente. Os sinais deixados pela raiva formam um amplo espectro, que inclui desde irritação e frustração a sentimentos de vingança e fúria.  

De acordo com o psicólogo e consultor pedagógico do LIV Phelipe Ribeiro, é muito comum confundir a raiva com a agressividade:

“O que a gente chama de agressividade é frequentemente um conjunto de atitudes que a gente reconhece como tal. Acontece que frequentemente a gente associa a agressividade à raiva, o que é um equívoco. Eu posso ser agressivo mas não necessariamente a minha agressividade advir de uma emoção de raiva. Pode ser de frustração, de tristeza, de me sentir contrariado por alguma coisa, por exemplo. Assim como eu posso sentir raiva e me tornar indiferente ou agir de uma outra maneira que não necessariamente seja reconhecido como agressividade”.

Portanto, podemos dizer que a raiva é uma emoção e a agressividade é um comportamento; e não necessariamente essas duas coisas andam de mãos dadas, apesar da nossa frequente associação entre elas.

Por que às vezes é tão difícil controlar a agressividade?

Já percebeu que frequentemente a gente se questiona sobre a dificuldade de lidar com comportamentos que surgem a partir de afetos que consideramos “negativos”? Segundo Phelipe Ribeiro, às vezes queremos controlar reações que demonstramos quando sentimos raiva, medo ou ciúmes, por exemplo, mas dificilmente questionamos as reações que temos diante de momentos de alegria, euforia, satisfação, gratidão e outros afetos que a gente positiva culturalmente. 

“Parece que a gente ocupa demais as mãos em tentar controlar uma emoção que deveria ser acolhida, escutada, entendida como uma condição a partir da qual eu faço escolhas possíveis (…). Acho que a questão da agressividade deveria ser pensada em um passo anterior, num diálogo e numa reflexão a respeito das razões pelas quais nos sentimos agressivos. Talvez assim a gente consiga lidar melhor com essa emoção e, quem sabe, agir de modo mais amplo a respeito de como eu reajo”, destaca.

O que fazer quando percebo minha própria agressividade?

Como mencionamos no tópico anterior, a dificuldade de lidar com a nossa reação a uma emoção pode estar vinculada à dificuldade de compreender a emoção propriamente dita. 

O psicólogo e consultor do programa LIV ressalta que não é possível dar diretrizes únicas, pois cada indivíduo reage a seu modo. Contudo, acredita que é possível, em momentos de agressividade, dar um passo atrás e pensar nas razões que podem levar alguém a ser agressivo e nas razões por reagir dessa forma. 

Às vezes, essa agressividade pode ser um alarme de inadequação por estar sentindo algo que eu me recuso a sentir (…), ou seja, um lugar de revolta com a realidade afetiva que eu estou experimentando”.

Ele destaca ainda que o autoconhecimento em relação aos sentimentos envolve tentar entender e aceitar as razões pelas quais sentimos determinadas emoções. E, nesse processo, refletir e lidar melhor com as possíveis escolhas feitas diante de uma emoção.

E o que fazer quando outra pessoa se mostrar agressiva perto de mim?

Impossível negar as inúmeras dificuldades envolvidas nas relações com outros indivíduos (já abordamos os desafios da comunicação neste post). Uma das dificuldades é que, quando olhamos para a reação de outras pessoas a determinadas situações, tendemos a achar que sabemos das razões dessa pessoa de antemão.

“A gente faz a leitura de uma atitude ou comportamento e se espelha nele”, explica Phelipe Ribeiro. E nessa identificação, acabamos achando que o outro é agressivo pelas mesmas razões que nós mesmos seríamos agressivos, ou que o outro reage de uma forma entristecida ou desanimada pelas mesmas razões que nós reagiríamos, por exemplo.

Por isso, para o psicólogo, diante de um impasse na relação, é sempre importante escutar e conversar com o outro:

“No processo de interrogar o outro, a gente inclusive dá a chance para que esse outro explique a si mesmo a respeito de como está reagindo e do que está sentindo. E no processo de explicar, o outro também se escuta. Não é terapia, mas é terapêutico, da ordem inclusive do que uma relação pode oferecer”.

Não é indicado interrogar a outra pessoa sobre os sentimentos e emoções no momento da agressividade. Por vezes, é preciso encontrar o momento certo e a maneira adequada de questionar sobre os motivos envolvidos em uma reação desse tipo. 

E a maneira adequada depende do conhecimento e da experiência que cada relação tem colecionada pela sua convivência, conforme explica Phelipe: “A gente tem uma experiência de conviver com uma pessoa e sabemos, mais ou menos, como essa pessoa funciona. É preciso respeitar essa experiência”. 

Quais recomendações são indicadas para abordar a agressividade envolvendo crianças e adolescentes?

Segundo o psicólogo e consultor do LIV Phelipe Ribeiro, quando se trata de uma relação envolvendo crianças ou adolescentes, é sempre muito importante que o adulto tenha consciência de seu lugar

Ser adulto na relação institui uma desproporcionalidade. Eu não me relaciono com a agressividade da criança e do adolescente de igual para igual, porque eu tenho uma força maior, eu tenho mais ferramentas para processar os fatos, porque eu tive mais experiências de vida que me dão essas ferramentas”, esclarece.

Considerando essa desproporcionalidade, precisamos ser tolerantes com o lugar ocupado pela criança e pelo adolescente. “Um lugar de alguém que chegou há pouco no mundo, que está entendendo como esse mundo funciona, e como seu próprio mundo interior funciona”, destaca o psicólogo.

Além disso, é importante não perder de vista o entendimento de que os processos de conflito podem ser educativos:

“É interessante olhar os momentos de pirraça, de irritação ou de irritabilidade da criança e do adolescente como uma oportunidade para oferecer um lugar seguro para desenvolver habilidades”.

Contudo, assim como mencionado no ponto anterior, às vezes o adulto não terá condição de exercer seu papel educador no momento da agressividade. Nesses casos, explica Phelipe, “talvez seja o momento de se recolher um pouco, se preservar um pouco e resguardar-se para usar essa situação em uma oportunidade futura”. 

Nesse sentido, caminha muito em uma direção similar ao que seria feito em outras relações: interrogar, escutar, estimular que a criança ou o adolescente fale a respeito do que está sentindo. E, nesse processo, acabe desenvolvendo conhecimentos a respeito de si mesmo, dos seus afetos e de suas reações às emoções”.

O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é um programa de educação socioemocional presente em mais de 350 escolas em todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, dos outros e do mundo.

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