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Crianças se olhando e sorrindo para falar sobre acolher os sentimentos.

Educação socioemocional: o que significa acolher os sentimentos? #SELday

Neste post, você confere uma entrevista em áudio com Rafaela Paiva Costa, doutora em educação e consultora pedagógica do LIV, que explica o que é, afinal, “esse tal” de acolhimento.

Diversas publicações do programa LIV para educação socioemocional tratam da importância de acolher os sentimentos. Mas você sabe o que significa esse acolhimento? 

Para oferecer uma visão detalhada da questão, entrevistamos a historiadora, doutora em educação e consultora pedagógica do LIV Rafaela Paiva Costa. Em uma conversa em áudio, ela nos explicou um pouco mais sobre o que são sentimentos, o que significa acolhê-los e como isso pode acontecer no ambiente escolar e demais espaços que convivemos.

Você pode conferir esse conteúdo completo no áudio abaixo ou ler os destaques na continuação do texto. Ah, e você também pode compartilhar o conteúdo com seus contatos no WhatsApp, basta clicar aqui.

O que são sentimentos?

Todos nós sentimos, mesmo que muitas vezes não entendamos por quê. Isso é universal!

Os sentimentos fazem parte da nossa vida e nosso cotidiano desde que nascemos e estão presentes nos melhores e piores momentos. Segundo Rafaela Paiva Costa, historiadora, doutora em educação e consultora pedagógica do LIV, a forma como sentimos influencia o modo como agimos, nos comunicamos e nos relacionamos com outros e conosco.

“É por isso que nós, do LIV, dizemos que não existem sentimentos bons ou ruins. Eles informam que algo está se passando, seja no que estamos experimentando e vivendo dentro do nosso contexto, seja no que pensamos, imaginamos e relembramos”, explica.

Porém, nem sempre a forma que construímos e aprendemos a lidar com nossos sentimentos durante a vida são as melhores maneiras de reagir diante de uma determinada situação. 

Quem nunca passou por uma experiência e depois pensou: poxa, eu poderia ter reagido de uma forma diferente ou não deveria ter deixado aquela emoção me dominar?”, exemplifica Rafaela, e completa: “É aí que entra a educação socioemocional”. 

O que significa acolher os sentimentos e por que isso é importante para o desenvolvimento socioemocional?

Considerando os pontos colocados no tópico anterior, podemos dizer que acolher os sentimentos é um processo que envolve reconhecer as emoções e identificá-las de forma a lidar melhor com as reações que temos diante de cada uma delas. 

“Essa é a base do desenvolvimento socioemocional, porque a gente aprende a lidar não só com nossas emoções, mas aprende também a lidar melhor com as emoções de outros. Desse modo, conseguimos tanto nos comunicar quanto nos relacionar melhor, e promover bem-estar para nós e para as pessoas que nos cercam”. 

E como boa parte das palavras de nosso idioma, a palavra acolhimento tem sua origem no latim e foi ganhando novas interpretações de acordo com a época e as configurações sociais:

“Acolhimento deriva do latim, de colher e também de coletar. E coletar é o que dá a origem à palavra coletividade. Isso remete ao tempo que a gente era nômade. Como os recursos eram poucos, a coleta tinha que ser coletivizada para fortalecer aquela comunidade. Colher e acolher é fundamentalmente a essência da formação de uma coletividade”, como já explicou Claudio Thebas, educador, escritor e palhaço, em outro texto deste blog sobre acolhimento.

E no contexto escolar, o que significa acolher os sentimentos dos alunos? 

A escola é o espaço educativo por excelência na nossa sociedade. Quando falamos em educação, geralmente pensamos automaticamente nessa instituição, e isso se constituiu historicamente. “A escola se construiu como esse espaço legítimo onde são compartilhados todos aqueles saberes que consideramos relevantes no presente e que desejamos passar para o futuro, para as próximas gerações”, diz Rafaela Paiva Costa. 

Contudo, a instituição escolar nasceu e foi construída dentro de um modelo de pensamento altamente racional e preso à dimensão cognitiva. “Nesse contexto, ela privilegiou e deu mais ênfase à dimensão cognitivo-racional dos indivíduos porque esse foi o modelo cultural que ela foi criada”.

As últimas décadas vêm passando por transformações nesse sentido, não só dentro da escola, mas fora dela. Além disso, temos décadas de pesquisa científica no campo da neurociência, da psicologia e da educação indicando essas transformações. 

“A escola começou a mudar e tentar promover uma formação que não fosse apenas restrita à dimensão cognitivo-racional, mas que compreendesse o indivíduo em sua integralidade, incluído aí a educação socioemocional”, aponta a educadora.

Esta, por sua vez, considera todas as dimensões do indivíduo, inclusive as dimensões subjetivas como os sentimentos. “Foi aí que a escola passou a ter mais atenção a outras aprendizagens que ela já promovia, mas não estavam presentes no currículo. Isso ficou conhecido por muito tempo no meio educacional como currículo oculto, ou seja, o que não está nos registros da escola, mas a gente aprende, porque vivemos em sociedade quando estamos na escola”. 

O sociólogo francês Edgar Morin também trata dessa questão ao dizer que a escola é um microcosmos. Ou seja, tudo o que vivemos dentro da sociedade, de certa forma também experimentamos nessa instituição. “Enquanto estamos na escola, vivemos diferentes situações e aprendemos com elas, inclusive a lidar com os nossos sentimentos”, afirma Rafaela.

Quando a escola reconhece a importância de acolher essas diferentes dimensões dos indivíduos na promoção de uma formação integral, abre-se um leque de oportunidades de criação e ampliação desses recursos internos: “Na prática, é como se desenvolvêssemos mais recursos dentro dessa bagagem de repertório de como agir, e assim podemos fazer melhores escolhas e tomar as melhores decisões, considerando o que é importante dentro da situação”. 

Como o acolhimento pode ser feito no ambiente familiar?

As emoções não se restringem a situações específicas: experimentamos sentimentos e emoções em todos os contextos, inclusive em casa com a família. Como explica Rafaela Paiva Costa, “conviver e se relacionar é desafiador, ainda mais em um contexto que estamos vivendo que ainda é de pandemia e demanda mais confinamento”.

E estabelecer um clima favorável para todo mundo requer um olhar atento sobre o outro, ressalta a consultora:

“A gente costuma antecipar o outro no que ele pensa, no que deseja, na forma como age, especialmente falando das pessoas mais próximas. Às vezes, a gente acha que sabe tudo sobre nossos filhos e companheiros, e não oferecemos espaço de escuta interessada, ativa, ou mesmo um espaço de fala para acolher os sentimentos dessa pessoa com a qual convivemos”.

O clima emocional da casa também influencia o bem-estar das pessoas. “Quando estamos em uma situação de isolamento social, confinamento e convivência intensa em família, muitas vezes passamos por esses atritos sem abrir um canal de escuta, de conversa e de empatia com as pessoas que mais amamos”.

E nesse sentido, conclui Rafaela, a educação socioemocional contribui para elevar os níveis de bem-estar no ambiente familiar:

“Os aprendizados não são estanques. O que aprendemos na escola, levamos para casa e para todos os núcleos sociais, incluindo os recursos internos que desenvolvemos para lidar com eles. Por isso, no LIV temos um programa que aproxima professores, alunos e famílias para que estejam mais próximos dos processos de ensino-aprendizagem promovidos em aula, para que façam parte desse processo atuando na promoção das habilidades socioemocionais e das capacidades de lidar com as emoções e de conviver melhor”. 

Leia também o nosso artigo sobre Empatia na escola

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.