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Imagem de professor com caneta na mão com alunos fazendo aprendizagem baseada em problemas exemplos.

Aprendizagem baseada em problemas: como aplicar na sua escola?

Imagine uma sala de aula onde os estudantes recebem desafios pensados para estimular a aprendizagem baseada em problemas. Por exemplo: encontrar soluções para o desperdício de água na escola, sugerir melhorias para os espaços de convivência e refletir sobre o impacto das redes sociais na vida dos adolescentes.

Em vez de apenas receber conteúdos prontos, eles são convidados a investigar, discutir, buscar informações e construir, em grupo, respostas para essas questões.

Quer saber mais sobre esse jeito de aprender? Convidamos você a descobrir as aplicações, os benefícios e exemplos que podem transformar a sua comunidade escolar.

O que é a aprendizagem baseada em problemas?

A aprendizagem baseada em problemas é uma abordagem pedagógica que propõe que o conhecimento seja construído a partir de situações desafiadoras, muitas vezes inspiradas no mundo real. O ponto de partida é sempre uma questão ou problema aberto, sem uma resposta única ou previamente definida. A partir dela, os alunos precisam colaborar, pesquisar, debater, testar ideias e desenvolver soluções.

Essa metodologia propõe uma mudança de foco: o aluno deixa de estar em uma posição passiva e passa a ser protagonista da própria aprendizagem. Ao mesmo tempo, valoriza o papel de mediador do professor , que estimula perguntas, incentiva conexões entre as ideias e auxilia a turma a se organizar para investigar e refletir sobre os problemas propostos.

Mais do que aprender um conteúdo específico, essa abordagem ajuda a desenvolver a autonomia, o pensamento crítico, a inteligência socioemocional e o trabalho em equipe. E o mais interessante é que pode ser combinada com outras metodologias, como a gamificação e a criação de cenários inspirados em RPG — jogos de interpretação em que os participantes vivem personagens e enfrentam desafios em histórias colaborativas — como já acontece em algumas propostas pedagógicas do LIV.

Podemos utilizar, como exemplo, os estudantes do 4º ano LIV, que participam da “Expedição Gaia”, uma jornada colaborativa que se passa em um planeta distante. Já no 5º ano, os alunos vivenciam o jogo “L.I.G.A”, que envolve enigmas e dinâmicas que só podem ser resolvidos com o apoio do grupo, promovendo o pensamento crítico, a criatividade e a colaboração . Essas vivências mostram como é possível aprender brincando, com base em desafios que fazem sentido para cada faixa etária.

Qual é a função do professor na aprendizagem baseada em problemas?

Na aprendizagem baseada em problemas, o professor não atua como transmissor único de conteúdos, mas como mediador do processo. Sua principal função é criar situações instigantes, orientar as investigações e apoiar os alunos na organização das ideias.

Em vez de oferecer respostas prontas, ele provoca questionamentos, sugere caminhos e incentiva a autonomia. Essa postura ajuda a transformar a sala de aula em um espaço ativo, onde o conhecimento é construído de forma colaborativa.

Ademais, cabe ao professor garantir que todos os estudantes tenham voz e participação. Isso envolve estimular o diálogo, valorizar diferentes pontos de vista e promover um ambiente seguro para que erros sejam vistos como oportunidades de aprendizado. 

Ao conduzir dessa forma, o educador fortalece a confiança da turma e amplia o potencial de desenvolvimento socioemocional e cognitivo.

Qual é um dos principais princípios da aprendizagem baseada em problemas?

Dentro da aprendizagem baseada em problemas, o foco não está apenas na resposta final, mas no percurso percorrido pelos alunos: as hipóteses criadas, as discussões realizadas e as conexões feitas entre teoria e prática.

Na aprendizagem baseada em problemas, fica claro como esse princípio se materializa na prática: desde crianças do Ensino Fundamental explorando questões ambientais até adolescentes no Ensino Médio analisando problemas sociais complexos. 

Em todos os casos, o objetivo não é apenas chegar a uma solução, mas cultivar a capacidade de aprender a aprender.

Como trazer a aprendizagem baseada em problemas para a sua sala de aula?

Vale lembrar que essa abordagem não exige uma grande transformação na rotina escolar. Começar com pequenas situações-problema, inspiradas no cotidiano dos estudantes, pode ser um caminho acessível e potente. 

O segredo está em propor desafios que façam sentido para a realidade da turma e que despertem curiosidade. Vamos ver algumas práticas nesse sentido? 

Comece com uma pergunta instigante

A pergunta é o ponto de partida da aprendizagem baseada em problemas. Quando bem elaborada, ela pode despertar a curiosidade da turma e estimular diferentes possibilidades de investigação. 

Em uma turma de ciências, por exemplo, pode-se lançar a questão: “O que aconteceria se a escola ficasse sem energia elétrica por um dia inteiro?” Isso mobiliza conhecimentos de física, matemática e cidadania.

Envolva a turma na definição do problema

Quando os alunos participam da construção da pergunta, o engajamento tende a ser maior. A razão é que eles passam a compreender o problema como algo que também lhes pertence. Ao criar esse espaço de escuta e valorização das ideias, o professor pode fortalecer o vínculo com a turma e estimular o protagonismo. 

Por exemplo, uma professora de Língua Portuguesa pode abrir uma roda de conversa para os estudantes escolherem um tema que os incomoda na comunidade, como a ausência de espaços de lazer.

Estimule o trabalho em grupo

Resolver problemas complexos exige escuta, colaboração e troca de ideias. Por isso, o trabalho em grupo é uma peça-chave nessa abordagem. Os alunos aprendem a ouvir, argumentar, respeitar diferentes pontos de vista e construir soluções em conjunto — habilidades essenciais para a vida dentro e fora da escola. 

Em uma turma do Fundamental Anos Finais, grupos podem discutir sobre como melhorar o uso dos espaços comuns da escola e, em seguida, apresentar suas propostas ao conselho estudantil.

Ofereça espaço para pesquisa e criação

A investigação é parte fundamental da aprendizagem baseada em problemas. Isso pode acontecer de várias formas: pesquisas em livros e sites confiáveis, entrevistas com membros da comunidade escolar, experimentações ou produções criativas como maquetes, vídeos e painéis. 

Em uma atividade de geografia, os alunos podem mapear áreas de risco no entorno da escola usando aplicativos de localização e propor soluções baseadas em dados reais.

Valorize o processo

Nem sempre a solução encontrada será a mais adequada — e tudo bem. O aprendizado está justamente no caminho: nas perguntas feitas, nos erros cometidos, nas novas ideias que surgem. 

Ao valorizar o percurso e não apenas o resultado, damos aos alunos a liberdade de tentar, errar e aprender com isso. Por exemplo, uma turma pode tentar resolver um problema ambiental e descobrir que sua proposta inicial era inviável, aprendendo a reformular e persistir.

Exemplos de aprendizagem baseada em problemas

Para materializar tudo o que conversamos nos tópicos anteriores, vamos a alguns exemplos de aprendizagem baseada em problemas que podem ser adaptados a diferentes faixas etárias e áreas do conhecimento:

  • Educação Infantil: propor que a turma pense em como organizar um piquenique coletivo. Isso envolve habilidades de planejamento, contagem, cooperação e cuidado com o outro.
  • Ensino Fundamental Anos Iniciais: investigar por que certos alimentos estragam fora da geladeira. Além de explorar ciências, os alunos podem fazer experimentos simples e produzir cartazes para compartilhar o que descobriram.
  • Ensino Fundamental Anos Finais: estudar os impactos ambientais do lixo gerado na escola e pensar em alternativas mais sustentáveis. A turma pode entrevistar funcionários, elaborar campanhas de conscientização e propor mudanças.
  • Ensino Médio: analisar como o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) aborda questões sociais e propor, em grupos, um conjunto de perguntas que talvez apareçam em uma prova. Dessa forma, podem ser despertados conhecimentos de diversas áreas, bem como se convida os jovens a pensarem como elaboradores de desafios, não apenas como resolutores.

Quais os benefícios dessa abordagem?

Ao trabalhar com situações que exigem investigação, escuta e cooperação, os estudantes têm a chance de desenvolver competências emocionais fundamentais para a vida. Entre elas, estão a autonomia, a resiliência, a comunicação, a empatia e a capacidade de lidar com diferentes pontos de vista.

Cognitivamente, também há muito a ganhar. Resolver problemas reais exige integrar conhecimentos de várias áreas, mobilizar estratégias de pensamento e criar conexões significativas entre teoria e prática. Tudo isso tende a ampliar o interesse e o sentido do aprendizado.

Mas é sempre importante lembrar: cada turma é única. Nem sempre um problema terá o mesmo efeito em contextos diferentes. Por isso, mais do que buscar uma fórmula pronta, o ideal é observar, experimentar e adaptar.

E, então, o que aprendemos?

Na prática, a aprendizagem baseada em problemas traz um novo olhar sobre a dinâmica da sala de aula. Os estudantes são vistos como sujeitos ativos e capazes de construir conhecimento em conjunto. Por outro lado, o professor incentiva esse comportamento por provocar, escutar e também aprender com o processo.

Ao inserir esse tipo de proposta em atividades do dia a dia, podemos criar um espaço mais vivo, conectado com a realidade e com os interesses dos alunos. Isso não significa abandonar outras formas de ensinar, mas ampliar as possibilidades de aprender.

Em algumas das propostas pedagógicas do LIV, utilizamos elementos da aprendizagem baseada em problemas para criar atividades que convidam à reflexão, ao trabalho em equipe e à busca por soluções criativas. Quando unimos diferentes abordagens, enriquecemos ainda mais a experiência de quem aprende.

Afinal, aprender é um caminho que se faz junto, enfrentando perguntas, testando ideias e construindo, aos poucos, respostas que fazem sentido no mundo real.

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.