21/08/2025
Cidadania digital: a importância de trabalhar habilidades socioemocionais
Hoje, o digital deixou de ser um mundo à parte e passou a estar inserido nas relações e no cotidiano. As crianças e adolescentes participam de conversas, se informam, produzem conteúdo, constroem identidades, tudo no ambiente digital. Nesse cenário, a cidadania digital deixa de ser um conceito distante e passa a ser uma prática importante.
Esse exercício da cidadania digital envolve não só o uso consciente da tecnologia, mas também a forma como nos relacionamos no ambiente virtual. Para educadores, famílias e gestores escolares, o desafio é grande: como acolher os jovens nesse território novo sem cair no medo ou na rigidez?
Como preparar as nossas escolas para lidar com situações que muitas vezes nem sequer existiam quando éramos alunos? Neste artigo, entenda por que desenvolver habilidades socioemocionais é essencial para formar cidadãos digitais conscientes.
Os desafios do mundo digital: um espelho da vida
O universo digital tende a apresentar as contradições e fragilidades que já existem fora das telas. E, muitas vezes, não somente as reflete, mas potencializa. Um exemplo disso são os casos em que adolescentes utilizam inteligência artificial para criar imagens falsas de colegas da escola, expondo outros alunos de maneira violenta e invasiva.
Por isso, nesse ambiente em que nem tudo é o que parece ser, desenvolver o pensamento crítico é essencial para os jovens e adolescentes questionem comportamentos e posicionamentos dentro e fora do mundo virtual.
Mas como desenvolver essa competência em jovens que estão formando sua identidade? Como educá-los para conviver com o outro e consigo mesmos quando as regras do jogo parecem mudar todos os dias?
A importância das habilidades socioemocionais na era digital
É nesse contexto que competências como empatia, pensamento crítico, autorregulação e responsabilidade ganham protagonismo. Ao contrário do que alguns pensam, essas competências não nascem conosco. Na verdade, elas são desenvolvidas e precisam ser exercitadas.
A educação socioemocional nos convida a olhar para o que sentimos e entendermos como esses sentimentos afetam as nossas escolhas, inclusive no digital. Não se trata de dizer que a tristeza é ruim ou que a raiva deve ser evitada, mas sim de aprender a reconhecer essas emoções e lidar com elas de maneira saudável; seja num grupo de WhatsApp, seja durante uma discussão online.
Pensar antes de compartilhar uma imagem, entender o impacto de um comentário ofensivo, respeitar a privacidade do outro ou saber quando silenciar — tudo isso passa por um olhar interno, de autoconsciência e reflexão. E essa formação não deve acontecer apenas em casa. Ela precisa também ser parte do ambiente escolar.
Além da tela: a importância do coletivo
Pensar em um currículo de cidadania digital dentro de um programa socioemocional é reconhecer que essa relação entre jovem e tela não é individual. Estamos conectados o tempo todo — com algoritmos, marcas, pessoas e ideias. E é justamente por isso que precisamos formar jovens capazes de pensar criticamente, refletir sobre seus sentimentos e compreender as consequências de suas ações.
Essa necessidade de desenvolver uma consciência coletiva sobre o uso da tecnologia não é isolada. Esta também é a visão do psicólogo social Jonathan Haidt, autor do livro A geração ansiosa, sucesso mundial de vendas.
Haidt argumenta que a infância tem perdido aspectos fundamentais de autonomia e descoberta. Esse afastamento do convívio social e da experiência com o corpo e a natureza pode afetar diretamente o desenvolvimento emocional e físico.
A preocupação é reforçada pela publicação Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes, elaborada pelo Instituto Alana, que destaca como o contato com a natureza durante essas fases da vida contribui para o bem-estar mental, e o desenvolvimento neuropsicomotor.
O digital, portanto, precisa ser equilibrado com experiências vivas, coletivas, físicas — que nos ajudam a sentir, explorar e compreender o mundo de forma mais integral.
Projeto Cidadania Digital do LIV: uma resposta sensível e necessária
Atento a essa nova realidade, o LIV lançou o projeto Cidadania Digital. A proposta é trabalhar os desafios do mundo online nas escolas, por meio de um currículo inovador, lúdico e profundamente conectado à vida real dos estudantes.
Durante o último Congresso LIV, Joana London, diretora Pedagógica do LIV, destacou que o currículo do projeto foi construído com base em referências internacionais e busca dialogar com o presente, sem ignorar o contexto tecnológico em que vivemos.
“Diante de um cenário que nos assusta, é compreensível que a tendência seja criar uma proposta pedagógica que proteja os alunos dessas plataformas. Mas, não nos esqueçamos de que: 1 – essa é a realidade do mundo! E não podemos ignorar; 2 – a tecnologia pode sim contribuir para aprendizagem e conexões afetivas com o mundo quando bem utilizadas”, afirmou durante a apresentação.
O projeto está estruturado em cinco eixos temáticos que se complementam e promovem um olhar amplo sobre a vida digital:
- Saúde mental e bem-estar: entendendo como as interações digitais afetam emoções, autoestima e relações;
- Convivências e relações virtuais: promovendo o respeito e a empatia nos ambientes digitais;
- Autoexpressão e identidades digitais: refletindo sobre como nos apresentamos e nos percebemos online;
- Educação midiática: desenvolvendo senso crítico diante da avalanche de informações;
- Privacidade e segurança: compreendendo direitos, limites e riscos do ambiente digital.
E agora?
Seja no ambiente virtual ou presencial, nossos sentimentos nos acompanham. E aprender a lidar com eles é tão importante quanto saber usar um buscador na internet. Como bem explicado, desenvolver a cidadania digital é um passo fundamental para formar indivíduos mais conscientes, respeitosos e empáticos — não só para viver online, mas para viver melhor em comunidade.
O projeto do LIV nos convida a uma jornada de descoberta, com espaço para dúvidas, escuta e troca. E o mais bonito disso tudo? É que não estamos sozinhos. Porque, como o próprio projeto sugere, a tela nunca é só nossa. Existe um mundo do outro lado — e ele também sente.
Quer saber mais sobre como promover a cidadania digital de forma sensível, lúdica e conectada à realidade dos jovens? Conheça o projeto Cidadania Digital do LIV e descubra como transformar a relação entre estudantes e o universo online; com consciência, afeto e reflexão.
O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.