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Pais e filha felizes após regras de convivência na família

Como conflitos em família podem virar oportunidades?

Que tal fazer uma pausa para olhar com mais atenção para os vínculos familiares e exercitar a escuta afetiva? Este pode ser um bom momento para refletir sobre os desafios e as potências das relações familiares.

Neste artigo, vamos refletir sobre como os conflitos cotidianos podem se transformar em oportunidades de conexão. Vamos abordar a importância da escuta ativa, do respeito às individualidades em casa e do fortalecimento da parceria entre escola e família ao longo desse processo. 

Você também vai encontrar ferramentas práticas para estreitar os laços e descobrir como o LIV pode apoiar essa jornada — com propostas que valorizam a educação inclusiva, a colaboração e o afeto como pilares do desenvolvimento..

Laços que podem se fortalecer entre a escola e a família

Os laços mais importantes da vida não se medem por perfeição, mas por presença, cuidado e disponibilidade.

As famílias, em suas diferentes formas e ritmos, seguem sendo o primeiro espaço onde aprendemos sobre afeto, respeito e convivência. Mesmo com tantas transformações ao longo do tempo, elas continuam sendo uma base essencial para o nosso desenvolvimento — e também um ponto de conexão fundamental com a escola.

E se a família ensina os primeiros passos da vida, a escola ajuda a ampliar o caminho. Quando esses dois espaços se encontram, o impacto pode ser transformador. Talvez, essa conexão pode acontecer em uma conversa na reunião de pais, troca de bilhetes na agenda ou até em uma música que a criança leva da escola para casa. 

São nessas pequenas pontes que construímos um cotidiano mais afetuoso e colaborativo. Fortalecer essa parceria — com mais escuta, confiança e troca — é um passo importante para promover uma educação integral e significativa, em que cada criança se sinta vista, acolhida e parte de algo maior.

Como transformar conflitos em oportunidades de conexão familiar?

Como conflitos em família podem virar oportunidades? -LIV Inteligência de Vida

Qual adolescente nunca gritou, durante uma discussão com os pais, que não via a hora de sair de casa? Qual criança nunca sonhou em morar na casa de um amigo, onde as regras eram diferentes das da sua casa e era possível ficar até mais tarde no computador e comer no sofá, assistindo TV? 

Sim, como a grama do vizinho, que sempre parece mais verde, a família dos outros muitas vezes parece muito mais legal do que a nossa. Sabe por quê? Simples: não convivemos com ela.

No dia a dia, com todos juntos na mesma casa, é inevitável surgirem conflitos, sejam eles pequenos, mas que incomodam, ou aqueles em que é preciso parar tudo, rediscutir as bases da relação e refletir sobre como  fortalecer os laços entre pais e filhos. 

Depois do convívio (e de alguns conflitos), é hora dos ajustes

Para a psicóloga e coordenadora pedagógica do LIV, Maira Maia, o primeiro passo para garantirmos uma boa convivência familiar, diz, é reconhecer a identidade e a individualidade de cada membro da família. 

É muito frequente que os pais queiram que os filhos reproduzam suas maneiras de ver e estar no mundo, esquecendo que as crianças e adolescentes são seres únicos, capazes de sentir e pensar por conta própria.

“É importante que o adulto se pergunte ‘quem é essa pessoa’ e saiba que o filho não é uma extensão dele mesmo. E que as crianças e os adolescentes não têm obrigação de corresponder às idealizações dos responsáveis. O mesmo vale para o jovem, que precisa entender que nem sempre vai ter a família que sonha”, diz Maira.

A consultora pedagógica do LIV, Katia Cordeiro, complementa essa visão com uma reflexão sensível sobre o papel dos pais no processo de desenvolvimento dos filhos:

“Observar os filhos crescendo é uma jornada incrível, porém cheia de desafios para muitas famílias. A chegada dos filhos, ao mesmo tempo que traz uma alegria imensa e um novo propósito, ela também exige uma constante adaptação e o enfrentamento de medos e inseguranças.”

Outro ponto fundamental é respeitar as diferenças e entender que elas podem ser até mesmo um ponto de partida para estreitar laços. Se você não gosta de uma canção que seu filho ouve sem parar, ao invés de se queixar, que tal apresentar outro estilo musical, sem desmerecer o que ele aprecia, e perguntar o que ele acha?. 

Essa pode ser uma oportunidade de descobrirem juntos, algo em comum que os aproxime.?

Autoridade, sim! Mas com diálogo e disponibilidade

Maira diz ainda que nunca é demais lembrar que autoridade não é sinônimo de autoritarismo. Ter isso em mente ajuda nos momentos de conflito. As crianças e jovens precisam de contornos e limites, mas impor as regras da casa, sem diálogo, parece não ser o melhor caminho para garantirmos uma convivência harmoniosa. 

Uma conversa sincera, na qual são explicados os motivos de cada combinado, ajuda os filhos a entenderem melhor a importância de cumprirem o acordado.

“Existe a autoridade autoritária e a disponível, que estabelece combinados em vez de só impor regras. Quando elas são descumpridas, pois isso também acontece, não se 

deve apontar apenas o erro, mas conversar numa troca afetuosa. Uma queixa comum entre os jovens é dizer que os pais não os ouvem. 

Às vezes, eles escutam, mas, por não conversarem, passam uma impressão errada. Quando o filho quer dormir na casa de um amigo, por exemplo, e os pais somente dizem não, podem gerar um conflito. Mas, se explicarem que acham cedo, que só vão permitir após determinada idade ou quando conhecerem a outra família, diminuem os atritos”, diz Maira.

Essa busca pelo equilíbrio entre presença, limites e liberdade está no centro da construção da autonomia dos filhos. Como destaca Katia Cordeiro:

“A cada passo em direção à independência, pais e responsáveis se deparam com o dilema da autonomia: como equilibrar a proteção e o desejo de guiar com a necessidade de permitir que os filhos explorem, errem e, finalmente, se tornem indivíduos autônomos?”

Ela ainda reforça:

“É natural que, na ânsia de poupar nossos filhos de frustrações ou dificuldades, acabemos por superprotegê-los, limitando o desenvolvimento da autonomia deles.”

“Eu tento conversar, mas meu filho só presta atenção nas telas!”

Uma das queixas mais recorrentes dos pais é que os filhos não tiram os olhos das telas. Mas, sempre vale nos questionarmos sobre os caminhos que permitiram que eles criassem essa nova rotina nos jogos, computador e celular. 

Além disso, refletir sobre como nós, adultos, usamos o nosso tempo também é importante. Por exemplo, se você é um pai que janta de olho nas redes sociais ou resolvendo pendências de trabalho por e-mail, talvez esse seja o padrão a ser aprendido por seus filhos.

Assim, um cuidado que as famílias podem ter é oferecer alternativas prazerosas de convívio familiar para tentar desconectar os filhos  um pouco da realidade virtual. Convidar os amigos da criança ou adolescente  para fazer uma trilha ou um passeio pode ser uma alternativa interessante. 

Segundo Maira, há diversas atividades lúdicas que podem estimular a convivência e a troca de experiências. Ela sugere, por exemplo, que os pais se reconectem à criança que carregam dentro deles mesmos.

“Jogos são uma ótima ferramenta para conectar. Pode ser tabuleiro, de cartas e até mesmo videogames. Uma experiência divertida é criar uma playlist da família. Às vezes, os pais não gostam da música dos filhos e vice-versa. Ter uma lista com as sugestões de todos agrada e minimiza conflitos. Outra ideia é dedicar um tempo para fazer o que a criança ou jovem gosta. Ele quer ver um filme? Sente e assista junto”.

Além das atividades, Katia Cordeiro propõe um olhar mais amplo para a construção de vínculos:

“Falar de autonomia é, portanto, ampliar o olhar para outras tantas variáveis que se entrelaçam de forma processual, em um caminho contínuo de experimentação, responsabilidade e reflexão.

Promover um espaço seguro de escuta favorece o diálogo e a conexão na família. A Comunicação Não Violenta pode ser uma forma de conexão genuína e de compreensão das necessidades de todos os envolvidos.”

A especialista explica que esse tipo de comunicação parte de quatro pilares:

“Observação, identificação dos sentimentos, identificação das necessidades e formulação de pedidos. Validar os sentimentos dos filhos, mesmo quando não concordamos com o comportamento, é um passo essencial.”

Como o material LIV também pode ajudar?

Várias atividades do programa socioemocional LIV também podem ajudar a construir uma relação familiar mais próxima. No Ensino Fundamental Anos Finais, por exemplo, algumas atividades são voltadas para o desenvolvimento do autoconhecimento e da colaboração, entre outras habilidades socioemocionais importantes para as nossas relações. 

Há também atividades que ajudam familiares a se conhecerem melhor, como as que envolvem brincadeiras de cartas que perguntam o que faria cada um em determinada situação.

“Com os menores, experiências sensoriais, como rolar no chão, fazer um bolo mexendo na farinha, também são oportunidades de conexão e de diversão. No material do LIV há vários exemplos de atividades simples, algumas de dança, de luzes, que permitem bons momentos de interação.”, diz Maira.

Fique por dentro dos conteúdos e novidades do LIV. Confira aqui!

Um convite à escuta: o videocast que aproxima escolas e famílias 

O LIV acredita que quanto mais conversas tivermos sobre esses temas, mais enriquecedoras serão as relações. Foi com esse propósito que nasceu o videocast Sinto Que Lá Vem História — um espaço criado especialmente para aproximar famílias, educadores e todos que desejam pensar juntos sobre educação, cuidado e os afetos que atravessam o dia a dia.

Com leveza, profundidade e abertura ao diálogo, o videocast traz convidados especiais e temas que tocam na vida familiar, escolar e emocional de crianças e adolescentes — sem fórmulas prontas, mas com escuta ativa e muitas histórias para compartilhar.

Assista agora ao episódio “Conversas difíceis: como enfrentar as dores e desafios com diálogo?”, com Elisama Santos — psicanalista e especialista em saúde mental.

Neste episódio, vamos refletir sobre questões desafiadoras e muito presentes no dia a dia das famílias: as possíveis mentiras dos pequenos, o ato de negociar, a hora de dizer “não” e a relação entre família e escola.

Confira essa conversa completa!



O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.