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Saúde mental nos esportes e na família: uma conversa com Danilo Luiz

Saúde mental nos esportes e na família: uma conversa com Danilo Luiz

Confira os destaques de um bate-papo sobre saúde mental com Joana London, gerente pedagógica do LIV, e o jogador da Seleção Brasileira de futebol Danilo Luiz 

A desistência da ginasta Simone Biles durante os últimos jogos olímpicos de Tóquio em 2020 e, mais recentemente, o desmaio da atleta de nado artístico Anita Álvarez após um quadro de exaustão são apenas alguns dos casos que fizeram aumentar os alertas para a situação da saúde mental nos esportes.

Se por um lado o esporte é um excelente produtor de qualidade de vida, por outro, também pode propiciar sofrimento e problemas emocionais. A cobrança surge de todos os lados: da comissão técnica, da torcida, dos patrocinadores, da exposição social e do próprio atleta, interferindo no desempenho esportivo, resultando em desgaste emocional e abalando a confiança e a motivação. Muitos desses casos podem até se agravar, chegando a níveis mais extremos como depressão, ansiedade, estresse, transtornos alimentares e até abuso de substâncias.

Contudo, mesmo que a saúde mental seja uma temática presente na sociedade, ela ainda é vista como tabu dentro dos esportes. Durante seu programa no canal Voz Futura, o jogador da Seleção Brasileira de futebol Danilo Luiz afirmou que essa dificuldade também está presente na sua realidade. Ele diz que considera o tema tão relevante que deveria ser trabalhado desde a juventude dos jogadores:  

“No futebol isso ainda é um tabu. A gente investe milhões de dólares em campos, em estrutura de hotéis, estrutura física, de recuperação, fisioterapia, chuteiras, mas quanto a gente investe na parte emocional dos atletas? 

Não adianta ter toda essa estrutura se ele não é emocionalmente equilibrado, não está preparado para lidar com as pressões do dia a dia, com toda aquela novidade que o futebol tem do dia para noite. Esse é um investimento que deveria ser feito desde as categorias de base […].

Seria importante a gente tratar isso não como um tabu, mas como uma coisa natural, porque certamente traria muitos benefícios para o futebol”.

Saúde mental: dos esportes para o desenvolvimento pessoal e na família

Durante uma entrevista que fez com Joana London, psicóloga e gerente pedagógica do LIV, o jogador Danilo Luiz contou que o tema da saúde mental não está presente apenas na sua vida profissional, mas que também busca refletir sobre isso em sua vida pessoal, especialmente na criação do filho Miguel, de três anos.

Na conversa, o jogador e a gerente pedagógica do LIV falaram sobre desenvolvimento socioemocional tanto entre adultos quanto crianças e, a partir de sua experiência como pai e atleta, Danilo ressaltou a importância de pensar na saúde mental no ambiente familiar e também nas escolas. Confira alguns momentos de destaque:

“Quando a gente está educando emocionalmente as crianças na escola, pensamos que eles vão se tornar adultos com isso desenvolvido, adultos que sabem refletir, que são empáticos, que saibam desenvolver essa capacidade de, na turbulência, desenvolver uma certa tranquilidade no refletir e agir. 

E eu sempre trago esse debate para o futebol, onde perde-se muitos talentos, muitas joias, que ao chegar com determinada idade, quando veem o sucesso, o dinheiro, o reconhecimento e a pressão, eles se perdem por não ter tido essa formação”.

– Danilo Luiz, jogador de futebol

Saúde mental nos esportes e na família: uma conversa com Danilo Luiz -LIV Inteligência de Vida

“É claro que é legal ver nossos filhos ganhando diplomas, se tornando um aluno de destaque, essas coisas, mas ver o filho falar que ele pensou em dividir o lanche com o amigo quando o amigo não tinha lanche, é extremamente prazeroso. É um sinal de que você está indo pelo caminho do justo.

[…] Não é fácil se importar com o que a pessoa sente, com o que ela pensa, com o que ela vai fazer com isso. A gente vive em uma sociedade de correrias, de ambições, onde o sucesso é uma coisa pré-definida”. – Danilo Luiz, jogador de futebol

Saúde mental nos esportes e na família: uma conversa com Danilo Luiz -LIV Inteligência de Vida

“Esse debate não era possível, principalmente dentro do esporte, mas quantas pessoas falaram ‘eu preciso de licença porque eu não estou dando conta, minha saúde mental não está legal’? Eu acho que quando a gente fala de esportes, falamos sob dois ângulos.

No esporte individual, porque a pressão está concentrada em uma só pessoa, então é relevante a gente ter um trabalho para que ela tenha um espaço de desenvolver seu autoconhecimento, mas também ser acolhida, ter um espaço seguro para poder trabalhar as questões emocionais que acompanham o processo de desenvolvimento de carreira. E quando a gente fala de esporte coletivo, além do trabalho profissional de cada jogador, há também um trabalho na equipe […]. 

Quando a gente fala de esportes, precisamos também pensar no lugar da instituição, porque não adianta a gente colocar só na conta do atleta lidar com a pressão. É preciso ver que pressão é essa, se a pessoa está passando dos limites. Quando a gente começa a pensar nesse desenvolvimento emocional, quando isso vira uma coisa relevante de verdade para todo mundo que faz parte dessa instituição, a gente não pensa só no quanto o indivíduo precisa lidar com aquilo, mas o quanto aquilo precisa mudar. Tem um caminho de mão dupla nisso”. – Joana London, psicóloga e gerente pedagógica do LIV

Assista à entrevista completa a seguir:

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Cuidar da saúde mental é uma necessidade de todos os indivíduos. Porém, a falta de espaços de fala e de escuta em nossa sociedade para abordar esse tema muitas vezes afasta as pessoas desse cuidado.

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.