
20/09/2022
Como cuidar da saúde mental na sua escola?
Acesse recomendações práticas do LIV para abordar o tema da saúde mental em sua escola!Conhecer melhor a si mesmo, reconhecer e escutar os sentimentos vividos, pensar criticamente, comunicar-se de maneira compreensível e assertiva. Tudo isso aumenta a capacidade de criar estratégias para lidar com os desafios e atravessar momentos de sofrimento que fazem parte da vida, além de potencializar formas mais saudáveis, criativas e interessantes de se relacionar e estar no mundo.
E esses aspectos estão diretamente ligados às habilidades socioemocionais (como comunicação, colaboração, pensamento crítico, criatividade, autoconhecimento, entre outras) que, quando desenvolvidas, se tornam grandes aliadas na promoção e no cuidado com a saúde mental.
Mas falar em educação socioemocional e saúde mental não é sinônimo de terapia na escola. Significa criar espaços seguros em que as crianças e os adolescentes possam conviver com essas emoções em ação, ao lado de tantas outras manifestações subjetivas que afetam a todos.
O que nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida nunca deixamos de lembrar é que esse trabalho precisa ser feito de forma intencional, processual e por pessoas que recebam formação adequada.
Para isso, os educadores podem contar com diversas estratégias para trabalhar a saúde mental na escola. Venha conhecer as principais!
O que é saúde mental?
Antes de nos aprofundarmos nas estratégias, vamos conhecer o conceito de saúde mental, que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de bem-estar em que a pessoa consegue estabelecer uma relação saudável consigo mesma e com os outros, trabalhar suas habilidades, se reestabelecer do estresse cotidiano e colaborar com o meio social.
E a saúde mental na escola?
Cuidar da saúde mental na escola é também olhar para o bem-estar de alunos e profissionais como um todo — corpo, mente e relações. É favorecer o desenvolvimento de hábitos saudáveis, abrir espaço para que sentimentos sejam reconhecidos e criar condições para que cada um possa lidar com os desafios do dia a dia com mais leveza e suporte.
Afinal, a escola não é um lugar isolado: ela faz parte do mundo, sente os ventos que vêm de fora e também pode ser um ponto de respiro e acolhimento diante deles. Por isso, promover saúde mental na escola é tão essencial quanto em qualquer outro espaço — e talvez ainda mais potente, por tudo o que se constrói ali.
Como trabalhar a saúde mental na escola?
Falar sobre saúde mental na escola não precisa ser complicado. Com acesso a boas informações e uma escuta atenta, já é possível dar os primeiros passos.
E quando toda a equipe caminha na mesma direção, o clima da escola muda: o ambiente se torna mais acolhedor, mais seguro — um lugar onde alunos e profissionais se sentem bem para ser quem são e pedir ajuda quando for preciso.
A seguir, separamos algumas ideias simples e possíveis para trazer o cuidado com a saúde mental para o dia a dia escolar.
Confira 4 recomendações práticas para educadores
Quer começar a abrir espaço para esse diálogo na sua escola? Os passos a seguir podem ajudar a dar os primeiros movimentos nessa direção.
1) Ter uma pessoa ou time responsável pelas questões de saúde mental na escola
- Se a escola não tiver funcionário da área da psicologia ou de um campo em comum, é importante escolher alguém que receba uma formação para exercer esse tipo de atividade e conseguir ser essa referência.
- É importante que todos na escola alesaibam quem é a referência para as questões de saúde mental, tanto para tirar dúvidas dos funcionários, alunos e familiares quanto para escuta e encaminhamento de alguma situação específica.
2) Mapear serviços e recursos disponíveis
- Conhecer e mapear os serviços, pessoas e estabelecimentos da sua região que podem ser acionados em situações ligadas à saúde mental, como: Unidade de Pronto Atendimento (UPA); Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi); Conselho Tutelar; Unidade Básica de Saúde (UBS); Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) – 192; Bombeiros – 193.
- Ter todos esses contatos de serviços em fácil acesso para todos.
- Estabelecer quem contatar em situações de emergência e de não emergência. Lembrando que cada caso é um caso e, com exceção dos momentos de emergência, não é necessário sair tomando decisões e contatando pessoas imediatamente, sendo possível refletir antes sobre o melhor caminho.
3) Estabelecer processos
- Mesmo sabendo que cada situação é única e precisa ser escutada como tal, é importante estabelecer alguns processos, como: Em que momentos os estudantes e os funcionários terão oportunidade de falar sobre sua saúde mental? Como as atividades vão promover essa abertura em diversos momentos? Quando e como acionar a família? Quem faz esse primeiro contato?
4) Fazer o acompanhamento das iniciativas
- Mesmo que a criança ou o adolescente seja encaminhado para um serviço de saúde, é importante lembrar que grande parte da sua vida continua sendo na escola. Logo, entender como apoiar a família e o aluno ou aluna nesse processo (caso inicie o uso de um medicamento ou tenha que trocar de turma, por exemplo) é fundamental.
Uma estrutura bem definida e conhecida por toda a comunidade escolar não tem o intuito de mecanizar as ações, mas sim de dar mais segurança para as pessoas na condução das mais variadas situações.
E, vale destacar, nenhum desses pontos acima será útil se as relações interpessoais não forem cuidadosas e respeitosas. Afinal de contas, estamos falando de saúde mental e, portanto, de sentimentos, de histórias de vida, de pessoas.
O que pode ajudar – ou atrapalhar – o trabalho com saúde mental na escola
Seguindo na trilha das dicas, listamos algumas condutas que devem ser evitadas e também condutas que podem ajudar no desenvolvimento de um ambiente escolar aberto às questões da saúde mental e capaz de oferecer o apoio necessário à toda a comunidade:
A escuta responsável é aquela que demonstra atenção e cuidado. Não é ter resposta para tudo, mas sim se fazer presente. Principalmente porque, na maioria das vezes, quem sofre quer desabafar e precisa de alguém que escute e não que fique dizendo o que deve ou não fazer.
É importante tratar as emoções do outro com cuidado, priorizando um ambiente que resguarde a sua integridade física e certificando-se de que seja seguro, para que a pessoa fale sobre seus sentimentos e qualquer outra questão sem ter sua privacidade violada.
Saúde mental dos educadores: é possível cuidar sem ser cuidado?
Ao pensar na saúde mental nas escolas, temos incluído os educadores e funcionários na equação? Vemos, diversas vezes, professores, diretores e gestores escolares preocupados com a saúde emocional de seus alunos sem se atentar para suas próprias emoções.
Com altas demandas de resultado, novas organizações curriculares e elevadas cargas de trabalho, não é difícil encontrar profissionais da educação que apresentem sintomas de exaustão física e emocional. Uma pesquisa realizada pela Nova Escola em 2020, por exemplo, mostrou que 72% dos professores entrevistados tiveram a saúde mental prejudicada durante a pandemia.
Por isso, precisamos caminhar para o reconhecimento de que, para cuidar dos alunos, é preciso cuidar da equipe escolar. Se pretendemos promover uma educação que percebe e considera o outro, precisamos entender que é essencial estabelecer espaços de diálogo, bem-estar e cooperação também entre os adultos.
5 caminhos para cuidar de quem cuida:
- Criar espaços seguros de troca entre a equipe escolar.
- Reconhecer e estabelecer limites (por exemplo: admitindo que determinada situação é muito delicada para você e pedir para que um colega a conduza).
- Saber pedir e oferecer ajuda.
- Proporcionar momentos de estudo e debates sobre saúde mental e educação socioemocional.
- Participar de formações continuadas sobre o tema.
Saúde mental na escola: um guia completo para professores
Importante sempre lembrar que educadores já são promotores de saúde na própria prática escolar, e não sugerimos que os mesmos tenham a responsabilidade de realizar diagnósticos nem de aplicar qualquer tipo de conhecimento que transborde a área da educação.
Mas a escola, por ser um dos espaços em que as crianças e os adolescentes mais passam tempo, é um lugar privilegiado para identificar algum sinal de possível transtorno ou estado de adoecimento. Esse primeiro olhar cuidadoso do educador pode, em muitos casos, agilizar o acesso ao atendimento especializado em saúde que muitas crianças e adolescentes precisam.
Para ajudar os educadores nesse aspecto, o LIV criou o Guia do Movimento LIV: Caminhos para cuidar da saúde mental dos alunos”, para que educadores e famílias se sintam mais capazes de administrar essa questão em seu dia a dia.
No Guia, você vai encontrar temas como: Saúde mental nas escolas; O papel da família; Como saber se a pessoa está adoecendo; A importância de cuidar de quem cuida; Saúde mental é sinônimo de felicidade?; e muito mais! Para saber mais, baixe o Guia do Movimento LIV e participe dessa jornada!
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Veja também:
- Kit Gratuito do Movimento LIV: Pela Saúde Mental nas Escolas
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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.
O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.