
07/11/2024
Troca de escola: como conversar com crianças e adolescentes sobre a mudança
No final do ano, muitas famílias se veem às voltas com um desafio: conversar com os filhos sobre a troca de escola, que pode ser motivada por inúmeros motivos, desde mudança de cidade ou bairro, problemas financeiros ou até mesmo insatisfação com a instituição anterior e casos de bullying.
Seja como for, trata-se de um momento delicado, que precisa ser conduzido com cuidado. Afinal, crianças e adolescentes vão deixar para trás uma estrutura que já conhecem e partir rumo ao desconhecido, o que, muitas vezes, pode gerar ansiedade, mesmo entre aqueles que manifestam o desejo de troca.
“As crianças e adolescentes ficam ansiosos, pois vão sair da rotina a qual estavam acostumados. Isso gera muitos medos. No caso de alunos que sofreram bullying, por exemplo, toda essa angústia fica também atrelada ao temor de passar por um novo caso de violência”, diz Jeferson Florêncio, consultor pedagógico do LIV.
Espaço de fala e escuta atenta são melhores caminhos
Para tornar a ruptura mais tranquila e a adaptação na nova escola mais fácil, é indicado que as famílias envolvam as crianças e adolescentes em todo o processo. Um dos caminhos, diz Jeferson, é fortalecer o espaço de fala para que a criança ou o adolescente se sintam confortáveis para contar o que sentem.
Também é preciso que as famílias tenham uma conversa honesta sobre o motivo da mudança e entendam que não adianta apenas apontar as supostas vantagens do novo espaço. Pais e cuidadores precisam entender que as crianças e adolescentes também estão tendo perdas.
É papel das famílias tentar manter vínculos
“As famílias costumam focar muito no que as crianças vão encontrar, falam dos novos amigos, professores. E muitas vezes ignoram as perdas, os amigos que vão ser deixados para trás. O papel da família é tentar manter vínculos. No caso das crianças, pode chamar o amigo da escola antiga para brincar. Quando se trata de adolescentes, fica mais fácil, pois eles podem usar a tecnologia para se manterem conectados”.
Outro ponto que Jeferson considera fundamental é tentar manter, o máximo possível, a rotina das crianças e jovens durante a adaptação à nova escola.
“Isso ajuda no campo emocional. Se eles sabem o que esperar do dia, o que vão encontrar, ficam mais bem preparados. Outra ideia interessante é levar os filhos para conhecer o espaço da nova escola antes de as aulas começarem”.
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O que devo fazer quando meu filho quer mudar de escola?
Quando a iniciativa para mudar de escola parte do próprio estudante, é essencial que os pais ou responsáveis investiguem as razões por trás desse desejo.
Nesse sentido, em vez de simplesmente rejeitar a ideia, acolha a conversa e incentive seu filho a compartilhar o que o motiva. Pode ser um problema específico na escola atual, como dificuldades com professores ou colegas, ou pode ser a busca por novas oportunidades, como um currículo diferente ou atividades extracurriculares mais interessantes.
A escuta atenta, sem julgamentos, fortalece a confiança e permite que a família entenda a situação por completo, tomando uma decisão mais informada.
É importante que os pais e cuidadores explorem as opções junto com o filho. Pesquisem outras escolas, visitem os espaços e conversem com a coordenação pedagógica. Ao envolver o estudante nesse processo, ele se sentirá parte da decisão e terá mais responsabilidade sobre a mudança.
A decisão final deve ser uma parceria, garantindo que a nova escola atenda não apenas às necessidades educacionais, mas também às expectativas e ao bem-estar emocional de quem passará a maior parte do dia nela.
É bom mudar de escola?
Não há uma resposta única para a pergunta se mudar de escola é bom, pois a experiência varia muito de pessoa para pessoa. Para alguns, a mudança pode ser positiva, proporcionando um ambiente mais adequado, novas amizades e oportunidades de desenvolvimento.
Para outros, mudar de escola pode ser algo desafiador, gerando ansiedade e a sensação de perda. O sucesso da transição depende muito do apoio emocional que o estudante recebe da família e da nova escola, transformando a adaptação em uma chance de crescimento, resiliência e novas descobertas.
Como as escolas podem contribuir?
As instituições de ensino também podem ajudar no processo de transição. Se a escola que vai ser deixada tiver sido comunicada da troca, diz Jeferson, pode fazer uma ação de despedida, pedindo que os colegas de turma escrevam uma carta para o aluno que se despede.
Já a nova escola deve acolher o novo aluno da melhor forma possível.
“A escola pode eleger um aluno mais antigo para acompanhar o novo durante alguns dias para mostrar o ambiente, entender os trabalhos. Pode pensar em estratégias como carta de boas vindas, decorar o espaço”” exemplifica o especialista do LIV.
Quer conhecer mais sobre o LIV e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais? Confira mais nas redes sociais e fique ligado nos próximos episódios do Sinto que Lá Vem História.
O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.