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Navegadora Tamara Klink fala sobre vencer medos em videocast do LIV

Primeira mulher a passar um inverno sozinha no Ártico, a velejadora e escritora Tamara Klink costuma receber perguntas sobre a experiência de ter ficado oito meses cercada por gelo. Os obstáculos que ela enfrentou no trajeto entre a França, de onde partiu em um barco com pouco mais de 10 metros de comprimento, e a Baía Disko, na Groenlândia, onde ficou ancorada para a invernada, também são motivo de curiosidade. 

A experiência radical de Tamara e seu pioneirismo chamam mesmo a atenção, mas a velejadora faz questão de dizer que o fato de ter sido a primeira mulher a enfrentar a imensidão de uma geleira sem outro ser humano por perto não a resume.

São coincidências históricas. Eu não acho que isso me define. Isso define qual foi a permissão, ou não, que as mulheres tiveram até hoje”, disse Tamara, inaugurando uma conversa franca e que foge dos clichês em mais um episódio do videocast do LIV, “Sinto Que Lá Vem História”.

No papo com Renata Ishida, gerente pedagógica do LIV, e Joana London, diretora pedagógica do programa, a velejadora, que ainda estava a bordo do barco “Sardinha 2”, falou sobre como enfrentar medos – os próprios e os dos outros – e da importância de permitir que as crianças corram riscos. Tamara contou também como as viagens de barco em família durante a infância – ela é filha do navegador Amyr Klink, famoso por suas expedições à Antártica – a ajudaram a ganhar autonomia, já que, no mar, todos precisam cooperar, sem distinção de idade. Além disso, ela ainda compartilhou um pouco sobre como se sentia por não conseguir corresponder às expectativas durante a adolescência. Confira:

“Se eu tivesse ouvido apenas os medos dos outros, não teria vindo.”

Tamara partilhou como lidou com uma emoção que não teria como ficar longe de uma experiência como a dela: o medo. Em muitos momentos, contou, ele foi necessário para protegê-la. 

“Tem uma montanha aqui perto e eu tentava subir alto, mas ficava com medo de que a neve caísse, que houvesse uma avalanche, que eu me machucasse. O medo me protegeu; ele me privou de correr muitos riscos que seriam desnecessários”.

Por outro lado, contou, também foi preciso encarar o medo por outro viés e desafiar a paralisia que ele pode trazer. Neste caso, o autoconhecimento, uma habilidade socioemocional que é trabalhada pelo LIV nas escolas parceiras do programa, também foi importante para que Tamara conseguisse distinguir o que fazia sentido para ela e o que era apenas influência externa.

“Eu tive muito medo dos medos dos outros, a angústia do caminho até a Groenlândia. Quando eu parava em um porto, as pessoas que eu encontrava diziam que o barco ia ser esmagado, que eu afundaria. Diziam que meus braços não seriam fortes o suficiente para enfrentar o inverno, que os ursos poderiam me atacar. Alguns desses medos faziam sentido e algumas das coisas aconteceram. Mas se eu tivesse seguido os conselhos dos outros, se tivesse ouvido apenas os medos dos outros, eu não teria vindo e não teria vivido as coisas boas daqui. O medo dos outros às vezes desconsidera tudo que temos como recurso, como ferramenta e como preparação”, ensina.

 


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“O risco é muito poderoso para a formação da confiança.”

Tamara relembrou que, durante a infância, vivia com um pé quebrado, algum machucado, pois nunca se intimidou em explorar os limites do corpo. E disse acreditar que correr riscos foi fundamental para sua formação.

“Acho que, para uma criança, é incrível poder enfrentar riscos, correr perigo, especialmente uma mulher. Somos muito privadas disso. O tempo todo é ‘não, não, não vai, não carrega, deixa que eu faço para você’. E se a gente se machuca, chora, é   o fim do mundo. Claro que tem que ter cuidado com as crianças; elas não são autônomas. Mas acho que a chance de experimentar o risco é muito poderosa para a formação da autoconfiança”. 

As expedições em família desde cedo também ajudaram Tamara a ganhar autonomia e a entender que a cooperação, que se mostra tão necessária a bordo, é também fundamental em todas as etapas da vida. 

A importância de descobrir que filhos não nascem para cumprir expectativas

Tamara também abordou um assunto delicado. Ser filha de um velejador conhecido mundialmente fez com que ela sofresse cobranças e tivesse que lidar com expectativas, próprias e alheias, que a deixavam em sofrimento. Somente quando foi morar na França é que ela experimentou a liberdade de ser ela mesma.

“No Brasil, eu era a filha do Amyr Klink. Então, onde quer que eu fosse e houvesse um barco, eu era automaticamente associada a ele. Eu sentia que, quando entrava em um barco, não podia errar, porque deveria saber tudo, afinal, meu pai sabia. Mas meu pai sempre me disse que eu tinha que fazer meu próprio caminho, que ele me ajudaria com zero centavos, zero conselhos, zero contatos. Eu só queria aprender, mas todo mundo partia do princípio que eu já sabia. Isso era extremamente frustrante para mim. Quando fui para a França, ninguém sabia quem eu era, e eu sentia que podia errar sem que ninguém achasse que isso era um problema. Foi uma grande libertação.”

 


Quer conhecer mais sobre o LIV e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais? Confira mais nas redes sociais e fique ligado nos próximos episódios do Sinto que Lá Vem História.

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