O desafio de fazer planos em meio a incertezas

Fazer planos é parte da rotina humana. Constantemente pensamos em como será nossa semana, mês, ano, ciclos da vida… Estamos sempre projetando o que podemos fazer em nosso dia a dia e, para os educadores, isso é ainda mais presente na rotina. São planejamentos de aulas, de atividades e estudos semanais que atravessam as agendas e muitas vezes sobra tempo para o desenvolvimento pessoal e socioemocional.

Com a pandemia, muitos planos foram adiados, mas após o fim de medidas de restrição de contato social as pessoas passaram a sentir um aperto na agenda ao tentar resolver tudo o que acumulou.

Quem é educador vivenciou isso não apenas com planejamentos pessoais, mas também na organização dos conteúdos das aulas, que pareceram chegar em ritmo acelerado e exigir uma nova forma de se planejar.

E como fazer planos diante de tantas incertezas que vivenciamos no âmbito educacional e social nos últimos dois anos? Para o professor Gilberto Rodrigues, do Colégio Integral, em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, o segredo é não deixar de lado a inteligência emocional. 

Ele conta que, depois que passou a lecionar as aulas de LIV, percebeu que a manutenção de seus planos dependia muito mais do que organização e foco, mas precisava também de autoconhecimento e abertura para desenvolver também o socioemocional.

Confira a seguir alguns trechos do professor de LIV Gilberto Rodrigues sobre como o abriu espaço para o desenvolvimento socioemocional em seu planejamento docente:

Planejar e repensar quando necessário

“Vivenciamos na pele o desafio da pandemia, de ter nossos planejamentos interrompidos. […] Quando o LIV chegou, eu comecei pesquisar mais o conteúdo e descobri referências como os autores Daniel Goleman e Carol Dweck, dentre outros. Desde então, tenho trabalhado muito na minha vida o conceito de mentalidade de crescimento, buscando entender que, a cada contratempo que acontece, a aula vai se transformar. Sair do planejado é uma oportunidade de crescimento, uma oportunidade de pensar naquela proposta e ver que, se não funcionou desta vez, talvez na próxima possa funcionar. Saber que, às vezes, a maneira que eu pensei talvez não fosse a melhor”. 

Aprender com os alunos

“A palavra didática significa a arte de ensinar e nem sempre a maneira que a gente quer ensinar é a maneira que os alunos iriam aprender. Algumas vezes, eles nos ensinam a como ensinar a eles. Eu tenho trabalhado muito na questão de que, mesmo estando com o planejamento definido, é preciso deixar fluir também, buscando o objetivo de cada aula, da maneira que melhor funcionar.

[…] Eu busco entender que, em uma sala com trinta alunos, são várias emoções e, se eu não lidar com as minhas próprias emoções, os alunos também não irão, porque quem está mediando a situação sou eu. Se em meio a uma aula eu não cuido das minhas emoções, como eu vou ajudá-los? Eu tenho buscado muitas leituras sobre inteligência emocional e estudado o assunto para pensar em meus planos, porque de fato é algo que mudou não só minha vida profissional, mas também minha vida pessoal”.

4 dicas para todo educador planejar seu desenvolvimento socioemocional

Com base em sua experiência e nos estudos que fez junto aos materiais do programa LIV, Gilberto listou quatro lições que ele aprendeu nesse percurso e oferece algumas dicas para quem está com dificuldade de pensar nos planos diante de tantas incertezas:

• Abra espaço na rotina para gerenciar as emoções: 

“Para se planejar, é preciso primeiro buscar a inteligência emocional e identificar onde precisa melhorar. É fazer uma autoavaliação de si mesmo e questionar: ‘O que me incomoda hoje? O que preciso gerenciar? Se acontecer uma situação dessas, como eu vou lidar? O que eu preciso buscar?’ Eu acho que é examinar-se a si mesmo. 

O princípio é se planejar na vida pessoal para que isso venha a se refletir positivamente no profissional. Porque se você tem um dia conturbado e não tem autocontrole, aquilo vai refletir no seu horário de trabalho. Acho que planejar inclui o todo. É entender que, da mesma maneira que você consegue visualizar seu aluno como um ser racional e emocional, você tem que se visualizar como um professor e um ser racional e emocional. E, assim como a gente busca trabalhar o emocional do aluno, é necessário recorrer a maneiras de trabalhar nosso próprio desenvolvimento emocional”. 

• Desenvolva sua a inteligência emocional

“Trabalhar os pilares da inteligência emocional [autoconhecimento, autorregulação, automotivação, empatia e habilidades sociais] tem sido a melhor coisa para lidar com os desvios do meu planejamento, para lidar com as situações que muitas vezes fazem com que o planejamento não venha ser seguido à risca diante da situação do dia. Pensar na inteligência emocional não só no local de trabalho, mas levar isso para a vida, entender que, como Paulo Freire nos fala: o discurso tem que ser alinhado à prática. 

Eu não posso chegar em minha sala de aula e falar de inteligência emocional se eu não tenho nenhuma. Eu quero que meus alunos me vejam como alguém que não tem só um discurso, mas que vive na prática. Pensar nisso tem me ajudado muito na dinâmica de aula porque tenho buscado viver isso no meu dia a dia”.

• Pare, respire, observe e responda:

Em meio a situações que conflitam nossos sentimentos, o professor de LIV conta que aplica esses quatro verbos: parar, respirar, observar e responder, uma prática que o tem auxiliado em momentos desafiadores. 

“Muitas vezes o que a gente faz primeiro é responder, observar e só depois pensar, vendo que errou porque falou com a força da emoção em uma situação. Sempre que vem uma questão complexa na minha sala de aula, eu paro, respiro, observo o que eu posso fazer para mudar essa situação e só depois respondo”.

• Aprender a escutar ativamente

“O professor precisa entender que também precisa escutar ativamente, quebrar a barreira de ser o detentor do conhecimento e entender que, por mais que a gente esteja ensinando, também estamos aprendendo. Não é porque eu estou lá todos os dias ensinando que eu não preciso aprender. 

Eu preciso buscar não apenas o conhecimento teórico, mas também, quando precisar, saber buscar um apoio de quem eu confie para trabalhar a escuta, e eu tenho encontrado na equipe do LIV e nos colegas e psicólogos da escola, por exemplo. 

Isso envolve entender que haverão momentos no ano em que eu vou estar cansado sim e que preciso abrir espaço para respirar, ser ouvido e retornar. É saber pensar no planejamento, entender quantas aulas vou conseguir dar de fato e questionar esse horário, saber se eu preciso dar tantas aulas seguidas ou se posso fazer um planejamento com intervalos para não ficar tão sobrecarregado. É entender que temos limites e respeitá-los”.

Um planner que incentiva o desenvolvimento socioemocional

Se você leu essas recomendações e percebeu que precisa de uma ajuda para organizar melhor seu planejamento emocional, temos uma recomendação extra: acesse o planner gratuito do LIV! 

Com ele, você pode escrever sobre seus objetivos, realizações e também organizar suas ideias e rotina observando aspectos importantes da saúde emocional. O planner conta com um espaço especial para que você possa dedicar um tempo ao gerenciamento das suas emoções. 

Confira a seguir os principais diferenciais do planner do LIV e como utilizar o seu:

• Gerenciamento das emoções: Para ajudar no processo de autoavaliação e desenvolvimento emocional, o planner traz uma área de aprendizado, que explica o que são os sentimentos e por que é importante acolhê-los.
  
• Autocuidado: Entendendo o autocuidado como uma prática diária que passa pela reflexão sobre os sentimentos, o planner propõe um momento, a cada semana, para avaliar as emoções básicas e começar a dar um espaço para refletir sobre si mesmo.
• Converse com sua emoção: Não podemos mudar o que sentimos, mas podemos aprender o que fazer com nossos sentimentos, não é mesmo? Pensando nisso, o planner propõe um espaço onde você pode escrever sempre que precisar pensar melhor sobre algo que está sentindo.
• Autoavaliação: Como a proposta do LIV é ajudar a pensar na saúde emocional, criamos uma área para você refletir sobre as metas alcançadas com sucesso, os pontos onde poderia melhorar e o que não conseguiu ser realizado.
• Memória fresca: Ninguém gosta de perder a senha das redes sociais ou do e-mail. Por isso, o planner conta com uma página para salvar todas as senhas necessárias e deixar guardado em um local seguro.
• Planejamento semanal: São várias páginas para você tomar nota de seus projetos, tarefas e metas, além de poder reorganizar as estratégias semanais e fazer check-list, lista de prioridades e notas.
• Planejamento financeiro: É difícil pensar em outras áreas da vida quando a situação financeira não é boa. Se você precisa de um empurrão para deixar sua vida financeira um pouco mais organizada, o planner te ajuda a anotar suas receitas, custos fixos, imprevistos e custos variáveis. 

Como usar seu planner do LIV

Você pode baixar seu planner para usar on-line ou para imprimir. Entenda como funciona:

• Formato digital: Para usar o planner direto no seu computador ou celular, basta baixar a versão em arquivo .ppt (PowerPoint). Ao salvar o arquivo, ele irá criar uma cópia editável, que você poderá digitar em cima e adaptar do modo como prefere.
• Formato impresso: Se você for usar o planner do LIV em papel, salve uma versão do arquivo mencionado acima e encaminhe para a impressão. Mas lembre-se de economizar papel! Para isso, acesse as configurações de sua impressora e selecione a opção imprimir frente e verso. Você também pode imprimir as páginas de planejamento semanal aos poucos, conforme as semanas passam, ao invés de imprimir tudo de uma só vez.

Baixe aqui o planner do LIV!

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.