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O corpo como construtor das aprendizagens e das relações

O corpo como construtor das aprendizagens e das relações

Você sabe como o corpo faz parte da aprendizagem e das relações socioemocionais? Descubra mais neste post!

Hoje queremos falar sobre um elemento essencial em nossa constituição humana, nossa comunicação e aprendizagem, mas muitas vezes deixado em segundo plano: nosso corpo! Você sabia, por exemplo, que a escuta com o corpo impacta nas formas que  aprendemos e no ato de ensinar? Acompanhe o texto para saber mais:

O papel do corpo na aprendizagem

Certamente você já deve ter escutado a icônica frase “Penso, logo existo”, criada no século 17 pelo filósofo René Descartes. Ela coloca a razão como a única via capaz de justificar a existência humana. O pensamento, nesse sentido, seria o caminho eficaz para chegarmos ao conhecimento verdadeiro. 

Acontece que para nossa cultura ocidental essa construção se estabeleceu como um paradigma, ou seja, uma forma que rege as nossas maneiras de ser e agir no mundo. “Essa ideia ficou literalmente incorporada em nós, que acostumamos ver corpo de um lado e mente do outro, e não como se fossemos uma complexidade única”, afirma Patrícia Queiroz, consultora pedagógica do LIV – Laboratório Inteligência de Vida.

E esse modo de ver o mundo interferiu na maneira como compreendemos a aprendizagem e fincou-se na educação, como se o corpo e os sentidos não fizessem parte do processo de construção do conhecimento.

Isso é tão marcante que a história das instituições escolares conta com castigos físicos para disciplinar os alunos e seus corpos, como a palmatória, e com uma organização espacial que, segundo a arquiteta Mayumi de Souza Lima, dificulta que as crianças dialoguem com seus pares e manifestem com maior liberdade suas ideias. 

O enfileiramento das carteiras, por exemplo, foi inicialmente instituído para que a visão dos alunos se restringisse à frente e ao professor, considerado o responsável por transmitir os conteúdos, e para evitar as interações entre os jovens. “Mas não podemos nos esquecer que nós, seres humanos, somos seres complexos e completos, somos corpo, mente, sentimentos e emoções”, explica Patrícia. 

Nesse sentido, o corpo humano pode ser visto como a materialização do sujeito. Isso significa dizer que nós expressamos e experimentamos o mundo com o corpo e através dele. Entendemos que ele não é apenas um lugar que suporta e transporta cada indivíduo, mas sim um componente importante que integra o ser, fisicamente e emocionalmente falando.

De acordo com a teoria do sociólogo Edgar Morin, por exemplo, somos constituídos, ao mesmo tempo, de corpo, mente, afetividade, sociabilidade e racionalidade. E cabe à educação, comprometida com a integralidade do ser humano, promover experiências que respeitem essa unidade.

E qual é a relação do corpo com a aprendizagem?

Como mencionamos acima, na história da constituição escolar, o ato de aprender tem sido encarado como tarefa exclusiva do intelecto. E, nesse raciocínio, a condição estabelecida é promover a maior imobilidade corporal possível, para que a atenção “aflore e se mantenha”.

Assim, nossos olhares se voltam com maior preocupação para os corpos inquietos ou transgressores das normativas. Não é apenas um olhar que tenta domesticar, mas que busca padronizar esses corpos ao que foi considerado como “adequado” pela maioria. Essa busca por uma homogeneização bloqueia a escuta do que é diferente, criando barreiras ao sentir e ao aprender.

Porém, autores mais contemporâneos, como o educador espanhol Jorge Larrosa, por exemplo, propõem olhar a educação através do par “experiência/sentido”, no qual o sujeito, a partir da abertura à experimentação, produz sentido ao que lhe acontece. Segundo o autor, é a partir dessa proposição que abrimos espaço para a heterogeneidade, a diferença e a pluralidade.

“Isso faz com que a nossa prática seja, de fato, diversa. E para desenvolvermos essa prática, precisamos desenvolver a escuta. Não apenas no sentido da audição, mas uma escuta integral”, como explica Saulo Pereira, consultor pedagógico do LIV.

Saulo afirma também que escutar o corpo não diz respeito apenas a um olhar biológico sobre ele, que busca desenvolver habilidades e competências funcionais, mas “um convite para que sejamos e estejamos de corpo inteiro em sala de aula, no nosso presente, no tempo em que vivemos”.

O que dizem os corpos de seus alunos?

Quando pensamos em um momento de estudos, certamente, em um primeiro instante, idealizamos uma pessoa sentada. Seja à frente de livros, cadernos ou de um computador, mergulhada em pensamentos, ou ainda em uma sala de aula, acomodada em uma cadeira, diante de um professor ou uma professora.

O fato é que o corpo de quem estuda e aprende, em nosso imaginário, está sempre – ou quase sempre – passivo, parado. E isso não é à toa:  assim tem sido colocado o entendimento do que é aprender ao longo do tempo em nossa sociedade.

Até hoje a gente costuma organizar os tempos e os espaços escolares a partir de uma ideia muito arraigada do que é aprender, como se aprender se resumisse única e exclusivamente aos processos mentais, sem envolver movimentação corporal.

Mas, ao planejar aulas de forma muito rígida, acabamos por desconsiderar as possíveis manifestações dos desejos e necessidades dos estudantes. Nós aprendemos significativamente através dos nossos corpos. É através dele e da ludicidade que experimentamos prazer e potência nas brincadeiras, nos jogos e demais momentos em que a alegria é considerada no processo de ensino aprendizagem.

Quando a gente cresce, essa ludicidade não fica do lado de fora, embora a sociedade faça com que a gente acredite dessa forma. Você já percebeu que socialmente o tempo de brincar e da ludicidade está restrito à Educação Infantil? E conforme vai passando a trajetória acadêmica, isso não se apresenta mais de uma forma tão marcante, deixando uma lacuna imensa em relação aos corpos em movimento.

O corpo como mediador das relações socioemocionais

Paulo Freire nos traz a ideia de que ensinar exige a corporificação das palavras pelo exemplo. A gente ensina e aprende através das palavras, mas também para muito além delas. Nós aprendemos e ensinamos sendo quem somos.

E no LIV trazemos essa ideia com muito destaque. Em nosso cronograma de aulas, a cada atividade planejada existe um diálogo com o educador para mostrar que seu próprio corpo é também um instrumento do conhecimento. 

Esse corpo não só realiza as demonstrações de “como fazer”, mas representa através do olhar, das modulações de voz e dos gestos, o interesse e a paixão sobre o conhecimento, despertando tudo isso no aluno. Ou seja, ensinando não apenas pelo conteúdo, mas pelo desenvolvimento socioemocional.

Se você quer conhecer mais detalhes sobre o programa e entender como o LIV ajuda estudantes, escolas e famílias a desenvolver a inteligência socioemocional, acesse o e-book “Sentir é aprender: histórias da sala de aula com o LIV” e conheça depoimentos reais de instituições parceiras que já utilizam e recomendam o programa!

O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.


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