LIV para o mundo >
Blog
Blog
Todas as publicações

Cuidar de quem cuida: como professores podem proteger sua saúde mental?

A rotina dos professores, cuja data comemorativa ocorre em outubro, todo mundo sabe, não é fácil. Eles levam provas para corrigir em casa, preparam aulas fora do horário de trabalho, entre outras tarefas práticas que causam desgaste. Além disso, enfrentam desafios emocionais: precisam fazer a mediação de conflitos em sala de aula, lidar com os mais diversos questionamentos e preocupações das famílias e cuidar da saúde mental. 

Muitas vezes, a conta chega em forma de problemas relacionados ao bem-estar psicológico, como burnout, crises de ansiedade e depressão. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que ouviu 397 professores de vários estados, de colégios públicos e privados, apontou que um terço dos profissionais da educação básica sofre de síndrome de Burnout. Outra pesquisa, da Universidade Federal da Bahia, que revisou a literatura sobre o tema, constatou que a prevalência da síndrome entre professores brasileiros varia de 1,85% a 85,52%. 

Esses dados são preocupantes e levam à constatação que é preciso refletir: afinal, quem cuida do professor que cuida de tanta gente? Para Andressa Abraão, consultora pedagógica do LIV, essa atenção precisa vir de diferentes frentes, envolvendo gestores e, o mais importante, o próprio professor.

É importante que os professores se sintam acolhidos. As escolas são espaços privilegiados para a formação de comunidade. Precisamos avançar no sentido de humanizar os professores, reconhecendo que são pessoas com emoções, que o cotidiano os atravessa e nem sempre eles saberão lidar com o que sentem. Vale perguntar quantos gestores, por exemplo, tiveram formação para olhar o socioemocional e a saúde mental de suas equipes. Na maioria das escolas, é preciso ainda desenvolver essa dimensão”, diz.

Na prática, é preciso criar espaços de escuta

No dia a dia escolar, Andressa acredita que é possível desenvolver estratégias para que os professores se sintam mais acolhidos. Ela sugere, por exemplo, que as costumeiras reuniões pedagógicas não se limitem apenas ao planejamento de aulas ou desempenho dos alunos.

A ideia é que não se fale apenas de notas. Mas que se crie espaço para escutar o professor, entender o que ele está passando, as dificuldades que enfrenta. O gestor não precisa ser necessariamente um psicólogo, mas basta ser humano para se interessar, perguntar como a equipe está e perceber quem está mais nervoso, mais quieto ou precisando de atenção”, recomenda Andressa.

Também é preciso que as escolas tenham protocolos para lidar com situações que fogem ao controle dos professores. “Há dias em que é preciso liberar os alunos mais cedo para o recreio, outros em que o gestor precisa pedir que um professor cubra a turma de outro que precisa de um momento para respirar. Se é uma escola que sente, esse “sentir” precisa refletir na prática”, diz.

Autocuidado também faz parte 

Andressa lembra que o professor precisa se permitir pedir ajuda e ser vulnerável. Como nem sempre as escolas oferecem um espaço seguro, é possível encontrar outras alternativas, não tão institucionalizadas, para cuidar da saúde mental como buscar apoio de um colega de confiança.

No LIV, realizamos encontros e plantões pedagógicos, que são momentos de compartilhamento de experiências de sala de aula, desafios e boas práticas. Nós nos acolhemos coletivamente. Muitos professores relatam como é importante ter uma rede de apoio e estar entre  pares. Sempre vai existir alguém mais aberto a ouvir, com quem o professor se sentirá mais confortável”, diz a consultora pedagógica.

Fora do ambiente de trabalho, também é preciso pensar nos recursos que podem ser empregados pelos professores em prol da saúde mental. “Nessas horas, as habilidades socioemocionais são de grande ajuda“, diz Andressa, pois elas contribuem para o autoconhecimento, que pode ser útil na hora de se fazer escolhas. 

“O autoconhecimento permite mapear estratégias de autorregulação, que podem ser desde um passeio, um encontro com a família, uma atividade física”, diz.

Sinais de alerta: conheça os principais

Ignorar os sinais de que algo não vai bem é quase uma receita para comprometer a saúde mental. Por isso, os professores precisam ficar atentos aos sintomas físicos e emocionais. Aqueles que se sentem esgotados, com dores constantes, ou que têm dificuldade para ir à escola, perderam o prazer de estar em sala de aula, sentem tristeza ou choram ao pensar no trabalho, devem redobrar a atenção e, em muitos casos, procurar ajuda profissional. 


Quer conhecer mais sobre o LIV e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais? Confira mais nas redes sociais e fique ligado nos próximos episódios do Sinto que Lá Vem História.

Cuidar de quem cuida: como professores podem proteger sua saúde mental? -LIV Inteligência de VidaCuidar de quem cuida: como professores podem proteger sua saúde mental? -LIV Inteligência de VidaCuidar de quem cuida: como professores podem proteger sua saúde mental? -LIV Inteligência de VidaCuidar de quem cuida: como professores podem proteger sua saúde mental? -LIV Inteligência de VidaCuidar de quem cuida: como professores podem proteger sua saúde mental? -LIV Inteligência de Vida




O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.