Saúde mental: como desafios de pessoas famosas podem inspirar jovens a buscar redes de apoio

O que a ginasta Simone Biles e o surfista Gabriel Medina têm em comum, além de serem referência em suas modalidades esportivas e terem conquistado diversos títulos mundiais e até mesmo medalhas olímpicas?

Os dois famosos, em diferentes momentos, compartilharam como se sentiam pressionados e precisaram de uma pausa nas competições para cuidar da saúde mental. Outra ginasta, a brasileira Rebecca Andrade, também costuma falar sobre a importância da terapia para lidar com os desafios da vida.

As dificuldades relacionadas à saúde mental dos esportistas são um assunto delicado e difícil de ser exposto. No entanto, quando figuras públicas reconhecem, com sinceridade e abertura, que têm enfrentado algum tipo de desafio, acabam atraindo a atenção da mídia e suas dores são alardeadas nos diversos canais de comunicação. 

Essa repercussão pode ser extremamente invasiva, mas também ajuda outras pessoas, especialmente os jovens, a lidarem melhor com suas próprias questões. Afinal, quando os ídolos desconstroem a imagem de perfeição, criam uma conexão mais íntima com seus fãs.

“Quando alguém famoso fala sobre saúde mental, faz com que as pessoas que têm dificuldades se identifiquem e percam a ideia de que estão sozinhas. Isso pode ser importante para superar situações delicadas. Se um jovem percebe que a dor não acomete somente a ele, mas também impacta pessoas que são suas referências, ele sente que não precisa lidar com tudo sozinho. Afinal, se uma pessoa famosa se permite demonstrar fragilidade, ele também pode dizer que não está bem e pedir ajuda”, diz Saulo Pereira, consultor pedagógico do LIV.

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Dando um basta no mundo irreal

Saulo também menciona outro aspecto que vem à tona quando famosos falam sobre a própria saúde mental: a constatação de que nem tudo o que acontece no mundo virtual é real. 

Ao postarem sobre seus medos, inseguranças e desafios pessoais, os ídolos se distanciam da imagem de perfeição que costumam “vender” nas redes sociais. Isso é benéfico para a sociedade em geral porque muitos, sobretudo jovens, acreditam que as vidas instagramáveis são possíveis – o que acaba gerando sentimentos de inadequação, por não conseguirem reproduzi-las.

“Os jovens vivem uma pressão estética e de performance muito grande. O adolescente almeja o inatingível e se cobra por isso. Quando ele vê que até Simone Biles desiste, enfrenta dificuldades e diz que precisa de um tempo, pode se sentir mais à vontade para falar sobre seus próprios desafios, e se abrir em casa ou na escola”, diz Saulo.

Um basta a mais no preconceito

Outra contribuição das falas de pessoas famosas é desmistificar as questões de saúde mental e ajudar a enfrentar o preconceito, que infelizmente ainda persiste na sociedade quando o assunto é depressão, ansiedade ou outros transtornos.

“Em um ambiente como o futebol, por exemplo, quando um jogador fala sobre depressão, isso é importante para combater o preconceito. As muitas pessoas que assistem podem se identificar e entender que não é preciso esconder o que se sente“, diz Saulo.

Quer conhecer mais sobre o LIV e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais? Confira mais nas redes sociais e fique ligado nos próximos episódios do Sinto que Lá Vem História.