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Lázaro Ramos fala de paternidade e da importância do LIV em videocast

Em “Papai é Pop”, o ator e escritor Lázaro Ramos interpreta Tom, um homem que vê sua vida mudar completamente ao se tornar pai. Em tom de comédia, o filme mostra as dificuldades de se ter um bebê em casa e como o personagem assume seu novo papel, enfrentando desafios pessoais e os impostos pela sociedade, como a falta de trocador no banheiro masculino. Na vida real, Lázaro também se viu perdido com a chegada de João, seu primogênito. “Eu pensava em criar o meu filho a partir das minhas dores, e não da observação dele”, confessa.

No novo episódio do videocast do LIV “Sinto Que Lá Vem História”, Lázaro conta como conseguiu ultrapassar os temores iniciais da paternidade, fala sobre autoconhecimento, a relação de confiança e parceria estabelecida, hoje, com João e Maria Antônia, a caçula, e revela a importância do LIV, presente na escola de seus filhos, em sua vida.

Na conversa com Renata Ishida, gerente pedagógica do LIV, e Joana London, diretora pedagógica do programa, o ator também relembra sua infância em Salvador e compartilha as dificuldades que enfrentou na escola, um colégio particular, devido à falta de representatividade.  

“Eu era minoria, né? A maioria dos alunos era branca e eu era negro. Isso causou alguns efeitos que agora, adulto, eu identifico. Eu tinha, por exemplo, vergonha de fazer perguntas para não parecer burro. E, na hora do intervalo, eu não interagia muito com todo mundo porque era um ambiente o qual eu não me sentia confortável. Também não havia um apoio na escola para que conseguisse superar essa barreira”, diz ele, contando que nasceu um outro Lázaro quando mudou para a escola pública. “Comecei a fazer teatro e a me sentir dono e à vontade naquele espaço”.

“Minha relação era de precaução, não de conexão”

Outro destaque do episódio é a sinceridade de Lázaro ao falar sobre as dificuldades iniciais da paternidade. Ele conta que cerceava muito João, quando o menino nasceu, pois tinha medo que algo de ruim acontecesse ao menino. 

“O pai que nasceu era excessivamente preocupado. Tinha medo de que ele andasse, tinha medo de que ele sofresse. Era uma relação que era o tempo todo de precaução, não de conexão”.

Em relação a Maria, os desafios foram outros. Apesar de já ter até trabalhado em maternidade e saber trocar fraldas com maestria, ele não conseguia lidar com esse tipo de cuidado com a menina.

“Eu fui dar banho, trocar Maria Antônia com dois meses e meio. E fiquei apavorado. Taís (a atriz Taís Araújo, mulher de Lázaro) falava: ‘o que está acontecendo? Com o João, você estava tão presente’. Eu ainda não tenho uma resposta para isso. Eu acho que tinha medo de não saber limpar direito, de causar uma inflamação. Cada filho é uma paternidade diferente”. 

Importância do LIV na vida da família

O ator e escritor também contou como o LIV impactou a vida de sua família e sua jornada rumo ao autoconhecimento. Ele relembrou que, ao assistir a uma palestra do programa de educação socioemocional na escola do filho, ouviu falar pela primeira vez sobre a capacidade de nomear os sentimentos e entender o que fazer com eles. 

“Falando assim, parece até óbvio, mas nem em mim eu havia percebido essa consciência de nomear o que eu estava sentindo, sabe? Estou com ciúme, estou com inveja, estou com medo? E olha que já sou adulto. Isso ficou na minha cabeça. Passou um tempinho e o João falou que estava com dor na barriga. Dei remédio, coloquei pano quente, a dor não passava. E aí teve uma hora em que eu me dei conta que a irmãzinha havia nascido, ele estava com insegurança. Ele só conseguia falar do sintoma físico, que era a dor de barriga. Dei remédio quando ele precisava de um abraço”. 

A importância do programa socioemocional também foi percebida no dia a dia. Lázaro conta que João e Maria são crianças que têm facilidade para expressar o que sentem.

“E é lindo de ver, porque na minha época não era assim. Eu não sabia os nomes das coisas que estava sentindo e nem era fácil falar com meus pais ou professores”. 

O impacto do LIV foi tão grande que inspirou Lázaro escrever um livro infantil falando de habilidades socioemocionais. Em “Sinto o que sinto”, os personagens não hesitam em falar sobre o que estão sentindo.

 


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Não basta ser pai, tem que participar

Lázaro também conversou sobre a construção da paternidade, que é feita, segundo ele, nos cuidados do dia a dia, como levar à escola, almoçar, ouvir as histórias sobre o que aconteceu no dia. Ele comentou ainda sobre a facilidade com que muitos homens abrem mão da presença e até mesmo de conversas sobre paternidade. 

“Quando o João nasceu, pensei: vou falar com outros caras, perguntar como é ser pai. Fiz um grupo de WhatsApp com amigos que tinham filhos. Uma hora depois, o assunto era futebol e piada, rapidamente sumiu o tema filhos e eu ficava numa angústia, querendo conversar sobre isso. Eu sei que às vezes o homem atropela, não fala sobre isso. Parece que nossa presença é só no lugar de provedor ou num lugar de situações especiais em que a gente é convocado. Mas não, é nesse dia a dia que se constrói a paternidade. E eu luto muito para conseguir, para ter essa sabedoria, inclusive porque muitas vezes é muito fácil estar ausente”.

Lázaro relata uma reunião que teve na escola e que acabou sendo levada para o filme “Papai é Pop”, na qual a professora só olhava para as mães.

“Eu fiquei super incomodado, porque a professora só olhava pra mãe, e eu estava ali querendo estar presente, querendo ser considerado também. A reunião inteira foi assim, e pensei que, se eu não tivesse ido, ninguém teria sentido minha falta. Percebi como é fácil não ocupar esse lugar de pai. A construção da paternidade se faz necessária por meio da consciência. Temos que estar muito conscientes e assumir nosso papel, nos responsabilizar. Hoje em dia, é muito fácil as pessoas abrirem mão. A quantidade de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento é gigantesca.”.


Quer conhecer mais sobre o LIV e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais? Confira mais nas redes sociais e fique ligado nos próximos episódios do Sinto que Lá Vem História.

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