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Um casal interage de maneira positiva com a sua filha

Parentalidade positiva: como educar com limites e amor

Imagine que seu filho chega da escola chateado porque brigou com um amigo. Em vez de minimizar seus sentimentos com um “isso não é nada” ou “você precisa ser mais forte”, você respira fundo, olha nos olhos dele e diz: “Entendo que você está triste. Quer me contar o que aconteceu?”. Essa cena retrata um exemplo de parentalidade positiva, que tem como princípios a escuta ativa, a empatia e o acolhimento.

Neste artigo, vamos abordar o conceito da parentalidade positiva. Também falaremos sobre as melhores práticas, estratégias, efeitos e aplicações.

O que é parentalidade positiva?

A parentalidade positiva é uma abordagem educativa que propõe práticas baseada na empatia, no diálogo e no estabelecimento de limites claros, mas respeitosos. Em outras palavras, trata-se de uma abordagem que utiliza firmeza e carinho, auxiliando os filhos a desenvolverem autonomia, responsabilidade e habilidades socioemocionais essenciais para a vida.

Conforme a definição do UNICEF, a parentalidade envolve as interações diárias entre pais e filhos, incluindo suas emoções, crenças e práticas. Trata-se de um processo contínuo de apoio ao crescimento e socialização da criança.

Nesse contexto, os pais desempenham um papel essencial ao proporcionarem proteção, incentivarem a autonomia e contribuírem para o bem-estar dos filhos. Quando criadas em um ambiente de respeito, cuidado e incentivo, as crianças tendem a ser mais colaborativas, lidar melhor com a ausência de punição e desenvolver maior flexibilidade diante dos desafios.

Parentalidade positiva: como educar com limites e amor -LIV Inteligência de Vida

O que não é parentalidade positiva?

Um grande mito sobre a parentalidade positiva é que ela seria uma forma de educação permissiva, onde os pais deixam os filhos fazerem o que querem. Na verdade, essa abordagem propõe um equilíbrio entre amor e limites. Crianças precisam se sentir seguras, e isso acontece quando os adultos estabelecem regras claras e coerentes.

Por exemplo, se uma criança joga um brinquedo no irmão, em vez de ignorar o comportamento ou simplesmente dizer “Não faça isso”, os pais podem se abaixar na altura dela e dizer: “Entendo que você está frustrado, mas não podemos machucar os outros.

O que podemos fazer da próxima vez para mostrar o que sentimos sem ferir?”. Assim, a criança pode aprender a expressar suas emoções sem recorrer a comportamentos agressivos, recebendo orientação clara sem permissividade.

Esse tipo de abordagem ajuda a desenvolver a autorregulação emocional e o autoconhecimento. Vale lembrar que estabelecer limites não significa impor medo, mas orientar a criança sobre o que é esperado dela.

Isso fortalece o vínculo familiar e cria um ambiente onde a disciplina é ensinada com respeito e coerência. A longo prazo, crianças que crescem com essa abordagem, no geral, aprendem a respeitar regras sem precisar de ameaças ou punições severas.

Por outro lado, se essa situação fosse tratada com permissividade, os pais poderiam reagir de forma indiferente ou minimizar o comportamento da criança. Por exemplo, ao ver a criança jogar um brinquedo no irmão, poderiam dizer algo como: Ah, ele não fez por mal, está só brincando ou simplesmente ignorar a atitude.

Tal comportamento não ajuda a criança a entender os limites nem a desenvolver habilidades para lidar com a frustração de maneira saudável.

Conectando a escola com a família

Parentalidade positiva: como educar com limites e amor -LIV Inteligência de Vida

A parentalidade positiva se conecta diretamente com o que as crianças aprendem na escola, especialmente quando falamos de desenvolvimento socioemocional. Quando as práticas da escola são reforçadas em casa, a criança ganha um ambiente mais coeso para seu crescimento.

O programa LIV, por exemplo, incentiva e promove o debate sobre educação socioemocional, ajudando alunos, famílias e professores a fortalecerem competências como comunicação e colaboração.

Para isso, dedica momentos estruturados ao desenvolvimento socioemocional de toda a comunidade escolar, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

  • Na Educação Infantil, o foco está no reconhecimento e nomeação das emoções básicas — medo, alegria, tristeza, raiva e amor —, permitindo que as crianças construam vínculos afetivos saudáveis desde cedo.
  • Do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental, o programa se baseia na teoria da Inteligência Emocional de Daniel Goleman, estimulando o desenvolvimento do autoconhecimento, da autorregulação, da empatia e do relacionamento interpessoal por meio de histórias e personagens envolventes.
  • Nos 4º e 5º anos, a aprendizagem ganha uma abordagem interativa e gamificada, com projetos e jogos colaborativos que incentivam os alunos a entenderem seu papel no mundo. Comunicação, criatividade e colaboração são estimuladas de forma lúdica, preparando os estudantes para desafios mais complexos.
  • Nos anos finais do Ensino Fundamental, o LIV acompanha as transformações da adolescência, oferecendo suporte para os alunos compreenderem e administrem suas emoções em um período de intensas mudanças.
  • No Ensino Médio, alinhado com o Novo Ensino Médio, o programa estrutura o Projeto de Vida dos estudantes, indo além do simples planejamento de metas e explorando sonhos, desafios, oportunidades e expectativas.

Por meio de projetos, dinâmicas e séries audiovisuais, o LIV busca criar conexões genuínas com as vivências dos alunos, ajudando-os a desenvolver habilidades socioemocionais essenciais, como pensamento crítico, perseverança, proatividade, colaboração, comunicação e criatividade.

Dessa forma, o programa contribui para formar indivíduos mais preparados para enfrentar desafios e construir relações saudáveis ao longo da vida.

Um olhar gentil para os pais

A parentalidade positiva não exige perfeição, mas sim intencionalidade.

O importante é buscar um caminho de respeito e aprendizagem, sem cobrança excessiva. Afinal, ser um pai ou uma mãe presente é mais valioso do que ser perfeito.

Cuidar da saúde mental e do bem-estar emocional é essencial para os pais conseguirem exercer a parentalidade de forma equilibrada. Praticar o autocuidado e buscar apoio quando necessário, fortalece a relação com os filhos e melhora a capacidade de gerenciar desafios diários.

Estratégias práticas para o dia a dia

Onde tiramos a absurda ideia de que, para fazer as crianças se comportarem melhor, primeiro precisamos fazê-las se sentir pior?” — Jane Nelsen, Disciplina Positiva.

Esse pensamento reflete um dos pilares da parentalidade positiva: crianças aprendem muito mais com respeito e conexão do que com punição ou medo. Mas como podemos colocar a parentalidade positiva em prática no dia a dia? Aqui estão algumas estratégias simples que podem fazer diferença:

Escuta ativa

Significa estar verdadeiramente presente nas conversas com os filhos. Isso envolve:

    • Olhar nos olhos enquanto eles falam;
    • Parar o que está fazendo para prestar atenção devida;
    • Resumir o que a criança disse para garantir que compreendeu corretamente;
    • Validar os sentimentos dela.

Exemplo:

Seu filho chega reclamando que ninguém quis brincar com ele na escola. Em vez de responder “Ah, isso passa”, que tal dizer: “Isso parece difícil. O que aconteceu? Como você se sentiu?”?. Esse tipo de diálogo pode ajudar a criança a desenvolver autoconhecimento e empatia, por exemplo.

Validação de sentimentos

Validar emoções não significa concordar com tudo, mas reconhecer que o que a criança sente é real para ela. Isso fortalece sua autoestima e capacidade de lidar com emoções no futuro.

Exemplo:

Seu filho está com medo de dormir sozinho. Em vez de dizer “Não tem motivo para isso”, e se você tentar: “Entendo que você está com medo. Que tal pensarmos juntos em uma forma de você se sentir mais seguro?”. Isso apoia no desenvolvimento da autorregulação emocional.

Resolução conjunta de problemas

Envolver as crianças na solução de problemas pode ajudar a desenvolver responsabilidade e pensamento crítico.

Exemplo:

Se seu filho se recusa a fazer a lição de casa, em vez de ordenar “Vá fazer agora!”, experimente: “Parece que você não quer fazer a lição. O que está te incomodando? Como podemos resolver isso juntos?”.

Modelagem e comunicação positiva

Para muitas crianças, os pais são seus maiores exemplos. Assim, comunicar-se de maneira respeitosa e evitar rótulos e comparações negativas ajuda a fortalecer a autoestima e a confiança das crianças.

Exemplo:

Se uma criança demora mais para aprender algo, em vez de dizer “Seu irmão já sabia fazer isso com essa idade”, prefira: “Cada pessoa aprende no seu tempo, e eu estou aqui para te ajudar”.

Alternativas à punição

Em vez de recorrer a castigos ou punições severas, a parentalidade positiva incentiva formas respeitosas de disciplina, como o diálogo, a explicação das consequências naturais das ações e a busca por soluções conjuntas.

Exemplo:

Se uma criança espalha os brinquedos pela casa e não quer guardá-los, em vez de ameaçar jogar tudo fora ou simplesmente mandar recolher sozinha, os pais podem dizer: “Vamos organizar juntos? Assim, da próxima vez, você encontra seus brinquedos mais rápido para brincar!”. Dessa forma, a criança pode aprender sobre responsabilidade de maneira positiva e participativa.

Considerações finais

O que aprendemos? Vimos que a parentalidade positiva é uma abordagem que fortalece a conexão entre pais e filhos e ajuda no desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida. Ao aplicar estratégias como escuta ativa, validação de sentimentos e resolução conjunta de problemas, criamos um ambiente mais saudável e respeitoso para as crianças crescerem.

Embora o processo possa apresentar desafios, cada pequeno passo na construção de um relacionamento baseado no respeito e no diálogo faz diferença. Os pais não precisam ter todas as respostas, mas, sim, estar dispostos a aprender e evoluir junto com seus filhos. Com paciência e consistência, é possível criar um ambiente familiar mais harmonioso e fortalecer os laços afetivos.

Gostou de saber mais sobre a parentalidade positiva? Quer ficar por dentro de outros temas que podem auxiliar com os desafios da jornada em família? O LIV tem um podcast que traz inúmeras reflexões e caminhos sobre a tarefa de educar crianças e adolescentes! Conheça agora mesmo o “Sinto Que Lá Vem História”!

Veja o nosso artigo sobre o medo de escuro

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.