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Metodologias ativas

5 perguntas sobre metodologias ativas e desenvolvimento socioemocional

Em entrevista, a especialista Renata Salomone fala sobre como usar as metodologias ativas para incentivar o desenvolvimento socioemocional dos alunos. Saiba mais!

Metodologias ativas de aprendizagem é o nome que se dá a um conjunto de abordagens e práticas educacionais voltadas para, intencionalmente, incentivar os estudantes a pensarem de forma mais autônoma e participativa. Esse conjunto de metodologias pode ser usado no planejamento de professores de qualquer disciplina, transformando a maneira tradicional de ensinar, na qual o aluno recebe o conteúdo passivamente. 

Exatamente por incentivar o protagonismo, a autonomia, o pensamento crítico e colocar os estudantes em situações de colaboração, o uso das metodologias ativas também promove, direta e indiretamente, o desenvolvimento socioemocional das crianças e dos adolescentes. 

E para falar mais sobre esse assunto, nós convidamos a educadora Renata Salomone a responder cinco perguntas sobre esse tema. Especialista em metodologias ativas, ela é professora do programa LIV na Escola Eleva, no Rio de Janeiro. Também é mestra em Ciências Sociais pela UERJ e pós-graduanda em “Moderna Educação: Metodologias, Tendências e Foco no Aluno” e em “Ensino Remoto, Ensino à Distância e Metodologias Ativas”. 

Apaixonada por processos de aprendizagem, Renata também é fundadora e diretora da MAPA Metodologias Ativas. Durante o 3º Congresso LIV Virtual, ela participou de uma formação exclusiva para professores parceiros do programa e, posteriormente, falou ao nosso blog. 

Confira a entrevista a seguir e aprenda mais sobre metodologias ativas e sobre educação socioemocional!

1- Por que utilizar metodologias ativas?

Renata Salomone – “Sabemos que o modo como os estudantes são incentivados a investigar o mundo lhes imprime marcas significativas, possibilitando a emergência de suas potências ou o engessamento de suas capacidades criativas e perceptivas. Pesquisas na área da educação e da neurociência vêm apontando para a ideia de que a aprendizagem é construída de maneira muito mais relevante a partir de experiências que instiguem os estudantes em percursos ativos. 

Quando o processo educativo permite a imersão dos alunos em práticas mais conectadas às suas realidades, incentivando que eles sejam protagonistas das suas próprias trilhas, que exerçam o direito de experimentar, de errar, de rasurar e se reinventar, a aprendizagem ganha mais sentido e passa a ser mais duradoura”.

2 – Como começar a aplicar as metodologias ativas nas aulas?

Renata Salomone – “Para que possamos experimentar a beleza da experiência ativa, é importante que reflitamos sobre a ideia de que ela não se inicia nem finaliza na seleção das metodologias que serão utilizadas. É necessário que percebamos o percurso educativo como um ecossistema, onde os professores se situam como provocadores de aprendizagem desde a criação do planejamento até a construção da avaliação.

Como planejamos nossos encontros? Por onde começamos a pensar nas experiências de aprendizagem? Nossa tendência, ao respondermos a essas perguntas, é facilmente elencarmos quais são os conteúdos que serão cobertos e quais atividades e recursos iremos utilizar. Mas e se nos perguntassem sobre o que os estudantes serão capazes de fazer com aquelas informações após passarem pelo percurso educativo planejado? Ou sobre quais são as compreensões duradouras que desejamos que os alunos obtenham? 

A dificuldade recorrente em respondermos a estas últimas perguntas se deve ao fato de que, por muito tempo, estivemos condicionados a manter o foco no ensino e não na aprendizagem, a priorizar os insumos que utilizaremos e a cobertura de conteúdos e não observar os resultados duradouros almejados.

O ensino, por si só, não necessariamente leva à aprendizagem. Os educadores que compreendem a importância do empoderamento dos estudantes através de processos mais ativos devem também estar atentos a todo o percurso pedagógico e à aprendizagem efetiva. Não adianta escolhermos metodologias que despertem o interesse dos alunos, que deixem as aulas mais engajadoras, mas que ainda estejam balizadas em um processo centrado na figura do professor e pautado em uma lógica de cobertura de conteúdos. A transformação da educação que queremos celebrar remete a uma mudança de mentalidade, de chave de leitura. 

Portanto, a resposta para esta pergunta está na ideia de começar sempre pelo “Por quê?”, ou seja: Qual a intencionalidade da sua escolha metodológica? Como ela pode estar integrada aos objetivos de aprendizagem, ao planejamento e às avaliações?”.

3 – Quais são os desafios para o professor e o que é necessário para aplicar as metodologias ativas na prática?

Renata Salomone – “Os desafios para os educadores estão na compreensão de que as escolhas metodológicas não podem estar dissociadas do contexto no qual os estudantes estão situados. Precisamos tropicalizar as metodologias ativas. Existem metodologias que funcionam melhor, por exemplo, com grupos pequenos, outras que precisam ser adaptadas para os diferentes tipos de espaço. Não precisamos aplicar as metodologias com a ideia de que devemos reproduzi-las em sua totalidade, de forma purista. 

Não há necessidade de uso de nenhum recurso pré-determinado. É importante conhecer as metodologias para saber quais serão mais adequadas e, principalmente, realizar uma análise diagnóstica dos estudantes, para que compreendamos onde estão no percurso e para onde devem ir em seguida”. 

4 – Como você usa as metodologias ativas para incentivar o desenvolvimento socioemocional nas atividades do programa LIV?

Renata Salomone – “Quando falamos da aplicação de processos ativos de aprendizagem nas aulas de LIV, para além da utilização das metodologias, sugerimos pensar em abordagens que provoquem principalmente o papel dos educadores, que precisam estar dispostos a construir caminhos mais horizontalizados, exercitando a escuta ativa, respeitando as individualidades dos estudantes e os envolvendo ativamente na construção de percursos educativos que façam sentido em suas trajetórias. 

Nas aulas do programa LIV, a construção de abordagens ativas é essencial! O livro do professor – que é parte do material do LIV – já propõe percursos que valorizam o protagonismo dos alunos, mas, é sempre necessário estarmos atentos ao contexto, entendendo se as sugestões se aplicam àqueles estudantes. 

As aplicações práticas variam de acordo com o que queremos com os estudantes naquele encontro. Já utilizei nas aulas de LIV, por exemplo, metodologias como: Jigsaw, Método do Aquário, Rotação por Estações, Pense-Pareie-Compartilhe, atividades gamificadas, dentre outras. Mas, como ressaltei, todas elas precisam ter uma intencionalidade”.

5 – As metodologias ativas voltaram a ser muito comentadas no ensino remoto. O que aprendemos nesse processo e o que vai ficar tanto no ensino remoto e no híbrido, quanto presencial?

Renata Salomone – “Acredito que o mais importante é a mudança de mentalidade. Todas estas mudanças que vivemos nos trouxe o imponderável, nos tirou da zona de conforto, desestabilizou as formas de pensamento alicerçadas pela soberania da forma e abriram uma fenda nas estruturas verticalizadas de poder, na lógica retilínea de pensar a sala de aula. Essa fenda é um convite para nos abrirmos para as contingências, compreendendo que os processos educativos também se fundam nelas.

O que prevalece não são somente as novas metodologias ou tecnologias educacionais que aprendemos a utilizar, mas uma abertura para repensarmos nosso papel como educadores. O lugar ao qual voltamos já não é o mesmo. Nós e ele mudamos. É hora de trilharmos percursos que nos permitam improvisar, desterritorializar, nos entregar ao imprevisível, e às múltiplas possibilidades narrativas que os encontros nos trazem”.

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.




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