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Neurociência: entenda por que emoções são fundamentais no processo de aprendizagem

Quando queremos nos descrever ou falar sobre como nos comportamos em determinadas situações, muitas vezes dizemos que agimos com base na emoção ou, ao contrário, que privilegiamos a razão. Mas, será que emoção e razão são realmente opostos, que nunca se relacionam?

Para Virgínia Chaves, doutora em neurociência, fundadora da Glia Neurociência Educacional, e parceira do LIV, não há dúvidas da interligação entre razão e emoção na hora do aprendizado, como entender um material apresentado pelo professor, ou das atividades práticas do dia a dia, como fazer compras.

Durante o Encontro com Especialista LIV, ela explicou que essa conexão é, inclusive, anatômica. O sistema límbico, que reúne estruturas relacionadas ao processamento de emoções, está ligado ao córtex, onde ficam as estruturas ligadas à consciência, por meio de conexões neurais.

“Se quiséssemos separar essas regiões, seria impossível porque são áreas conectadas fisicamente. Além disso, o cérebro evoluiu anatomicamente a partir de áreas emocionais para depois gerar áreas de processamento superior”, diz.


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Assista ao Encontro na íntegra clicando aqui


Dois estudos, resultados semelhantes

Em sua apresentação, Virginia também usou dois estudos para ilustrar como a emoção e a razão são indissociáveis. O primeiro, do economista Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel, diz que alternamos dois sistemas de pensamento, um baseado na razão e outro na emoção. Mas privilegiamos, em 95% das vezes, o sistema não-consciente. Ou seja, a emoção comanda a maior parte do tempo!

Outra pesquisa, do português António Damásio, que analisou a tomada de decisões em um jogo de cartas, demonstra que a emoção é parte intrínseca do processo de raciocínio. 

“O ser humano se coloca em categoria superior por ter o domínio da razão. Quem se diz emotivo é visto de forma pejorativa, mas estamos percebendo que a tomada de decisão se dá pela emoção. O estudo de Damásio mostrou que o corpo passava por micro estresses quando olhava para as cartas corretas do jogo, mesmo sem saber ainda que eram as certas. O fato de não saber não quer dizer que as informações não estavam sendo processadas pela emoção, o corpo já dava sinais” diz Virgínia.

E o que o aprendizado tem a ver com tudo isso?

De acordo com Virgínia, o processo de aprendizagem ocorre quando recebemos estímulos do ambiente. Eles são processados pelo cérebro, que dá significado a eles. Os circuitos neurais, por sua vez, dão valor afetivo aos estímulos, que passam, portanto, pelas emoções. 

“Quando o estímulo gera valor afetivo,a gente mobiliza aspectos de motivação, que podem ser maiores ou menores. Todo mundo já teve um aluno que não gostava de uma matéria mas estava motivado porque tinha vínculo com o professor. A emoção não pode ser dissociada, ela é um pilar para que a aprendizagem aconteça e ajuda na aquisição de memória e performance”, afirma.

E qual a importância do socioemocional?

Muita gente pensa que a educação socioemocional é uma aliada apenas na hora da autorregulação de crianças e adolescentes, diz Virgínia. Mas ela é fundamental também para auxiliar os processos cognitivos de aprendizagem. 

“Quando o LIV oferece tempo para o compartilhamento de experiências, por exemplo, há um ganho também do ponto de vista da aprendizagem formal. Aprendizagem é modelagem. Muitos conseguem aprender melhor quando o professor é o exemplo. Tem áreas do cérebro que mimetizam comportamentos. Muito é aprendido em rodas de conversa”, diz a especialista, ressaltando que outras práticas do LIV, como a escuta atenta, a contação de histórias e o acolhimento de experiências plurais trazem também flexibilidade cognitiva. “Essa flexibilidade faz com que a criança olhe um exercício de matemática e enxergue três formas diferentes de resolvê-lo”.


Quer conhecer mais sobre o LIV e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais? Confira mais nas redes sociais e fique ligado nos próximos episódios do Sinto que Lá Vem História.

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O LIV – Laboratório Inteligência de Vida é o programa de educação socioemocional presente em escolas de todo o Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, do outro e do mundo.